O Nordeste será vítima de mais uma violência do Governo Federal, desta vez contra a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco - Chesf, ameaçada de transformar-se num departamento da Eletrobras para atender à política de concentração de poder levada a cabo pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva, através de sua principal agente, a senhora Dilma Rousseff, do PT.
A decisão de áulicos de Brasília atinge frontalmente os interesses da região, especialmente de uma das maiores produtora de energia elétrica do país.
A idéia de destituir a Chesf de poderes e incluí-la como uma simples agência da Eletrobras não é nova.
Ganhou força quando a ministra Dilma inspirada - até pela sua formação nada democrática - em modelos arcaicos, como se o Muro de Berlim ainda estivesse de pé, pôs no comando do setor elétrico figuras para cumprir suas determinações sem contestação. “A Chesf foi criada através de Lei e pode ser destruída através de um decreto inspirado pela intolerância da ministra Dilma Rousseff, que, no governo Lula, faz e desfaz.
Melhor dizendo, desfaz tudo o que encontra pela frente, a exemplo do modelo do setor elétrico brasileiro”, afirma o deputado federal José Carlos Aleluia, vice-presidente nacional do Democratas e ex-presidente da Chesf, nos anos 1980, quando foram construidas as hidrelétricas de Itaparica e Xingó e a interligação Norte-Nordeste.
Por oportuno, lembra Aleluia, o Nordeste não passou por um racionamento de energia eletrica durante o governo do PT porque a economia cresceu de forma medíocre, mesmo com todo o momento esfuziante vivido pela economia internacional antes da crise (2008-2009).
A falta de investimentos em infra-estrutura, e não apenas na geração de energia elétrica, impediu o país de crescer sequer próximo do que aconteceu na Índia e na Rússia, para não falar da China.
Aleluia lembra que a Chesf só existe hoje graças à disposição dos nordestinos, que encararam a reação contrária de burocratas, políticos e empresários do Centro-Sul do país à sua criação. “Basta consultar os jornais dos anos 1940 para ver o que se dizia do ´desperdício` que representava investimentos na primeira usina de Paulo Afonso (Paulo Afonso I).
O mínimo que se dizia era que não haveria como consumir aquela energia gerada no Sertão Nordestino.
Quatro décadas depois, só a Usina de Xingó daria para abastecer um país como o Chile”, lembra Aleluia.
O político nordestino, um dos mais atuantes do Congresso Naional, se supreende com o silêncio de lideranças da região, em face de mais um ataque do governo federal ao Nordeste. “Estranho que governadores, senadores, deputados, empresários e acadêmicos se omitam.
O que está em jogo é o Nordeste. É a Chesf, que consumiu muita energia daqueles que lá atrás se empenharam pela sua criação.
A região não pode ser apenas um depósito de votos a serem manobrados pelos senhores de plantão no Palácio do Planalto”, critica Aleluia.
Ele observa que o país evoluiu muito desde o ´nascimento` da Chesf.
E o Nordeste acompanhou essa evolução. “Foram os técnicos da empresa, os seus funcionários, não raras vezes, que se mobilizaram pelo fortalecimento da estatal.
Não fora o empenho de engenheiros, economistas, enfim de seus técnicos, e de lideranças políticas da época, o Nordeste não teria as grandes usinas que tem hoje, como Paulo Afonso, Sobradinho, Itaparica e Xingó.
Até pelo respeito à memória daqueles que forjaram a Chesf, que até outro dia era sobranceira, altiva, as lideranças da região não podem cruzar os braços e subordinarem-se aos caprichos da senhora Rousseff, na sua intolerante cruzada centralizadora”, protestou Aleluia, ao rejeitar a idéia de transformar a empresa num mero departamento da Eletrobrás.