Por Augusto Coutinho Semana passada, a Comissão de Defesa da Cidadania, a pedido meu, realizou uma audiência pública para discutir o grave problema da violência no futebol.

Foram convidados, e compareceram, representantes do governo, do Tribunal de Justiça, do Ministério Público, do juizado do torcedor, da OAB.

Também foram chamados representantes dos três “clubes grandes”, só compareceu o do Náutico.

Faltaram ainda, mesmo convidados, representantes das torcidas organizadas.

O assunto é sério.

Ontem, novamente, ao fim do clássico, houve confusão, briga, baderna, depredação.

O pior é que não é mais entre torcidas de clubes diferentes – o que já é péssimo – mas têm acontecido também conflitos entre facções da mesma torcida.

Para se ter uma ideia do problema, do prejuízo que causa e de como vem aumentando ao longos dos anos, um dado assustador: em 2007, o número total de ônibus depredados após as partidas foi de 900.

Em 2009, 1.835.

Este ano, até o início de março, já são 594 veículos danificados.

Se é verdade que dentro dos estádios a violência em Pernambuco praticamente não existe, fora a realidade é outra.

Os motivos para isso são muitos.

Alguns foram falados durante a audiência.

Mas existe uma quase unanimidade: as brigas das torcidas organizadas.

As soluções começam a aparecer.

Assim, o governo federal lançou um interessante programa de cadastramento nacional de torcedores.

O governo do estado tem uma proposta similar.

As iniciativas são louváveis, importantes e serão muito bem-vindas.

Foi dito na audiência também que está em elaboração dentro do Tribunal de Justiça um projeto que visa dar mais poderes aos juizados do torcedor.

Passo importante para o combate ao problema, esses juizados hoje sofrem com a limitação de sua atuação.

Se houver um crime de morte, por exemplo, nas imediações de um estádio, o juizado não tem competência para agir.

Sua atuação restringe-se praticamente ao tumulto, às brigas.

Dar mais autonomia a eles é uma excelente iniciativa.

O problema das torcidas organizadas é um capítulo à parte.

Informações dão conta que elas chegam até a manter advogados prontos para entrar em cena quando alguns dos membros são presos.

São organizações sobre as quais nem o estado nem os clubes têm qualquer tipo de controle.

Tornam-se o ambiente propício para acolher criminosos que se disfarçam de torcedores.

Foi pensando nisso que está em preparo e vou dar entrada na Assembleia a dois projetos de lei.

Um, para estabelecer a necessidade de um cuidado maior dos clubes com a entrada das torcidas.

Outro para obrigar o cadastramento dos membros das organizadas.

Como ainda estão em fase de elaboração e estudos, não dá para adiantar muito agora.

O fato é que se é preocupante o aumento contínuo das ocorrências antes e depois das partidas, por outro, é bom saber que tanto o executivo como o judiciário já caminham em busca de alternativas.

Nós, do poder legislativo, também estamos atentos ao problema.

Deputado Augusto Coutinho (DEM), líder da oposição na Assembleia www.augustocoutinho.com.br https://twitter.com/augustocmelo