Da Folha Online A Polícia Federal começa a ouvir nesta segunda-feira os depoimentos de envolvidos no esquema de arrecadação e pagamento de propina no Distrito Federal, entre eles o ex-governador José Roberto Arruda (sem partido), Essa será a primeira vez que Arruda falará sobre as denúncias de que comandaria o suposto esquema de corrupção.
Preso desde o dia 11 de fevereiro, ele deve ficar mais perto de retomar a liberdade após o depoimento.
A defesa do ex-democrata, que teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral por desfiliação partidária, reclamava que, em mais de 180 dias de investigação, Arruda ainda não conseguiu apresentar a sua versão para as denúncias.
Segundo a Polícia Federal, hoje também será ouvido o ex-secretário de Comunicação Wellington Moraes, que também foi preso por determinação da Justiça juntamente com Arruda e mais quatro aliados por causa da tentativa de suborno de uma das testemunhas do esquema de corrupção.
A Polícia Federal espera concluir os depoimentos solicitados pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) e pelo Ministério Público Federal até a próxima quinta-feira.
Também deve ser ouvido o conselheiro do Tribunal de Contas local Domingos Lamoglia, além de todos os políticos –inclusive deputados distritais– e empresários que aparecem em vídeos gravados por Durval Barbosa, delator do esquema de corrupção.
Na semana passada, o ex-vice-governador Paulo Octávio (sem partido), que renunciou ao cargo por causa da crise política, surpreendeu a Polícia Federal e se apresentou espontaneamente.
No entanto, ficou calado no depoimento.
Segundo seu advogado, Carlos de Almeida Castro, o Kakay, Paulo Octávio permaneceu em silêncio porque não sabe do que é acusado.
Para o advogado, ele era testemunha do inquérito.
Kakay ingressou no STJ com um pedido para ter acesso ao inquérito nº 650 que investiga o esquema de arrecadação e pagamento de propina. “Na verdade, do nosso ponto de vista, Paulo Octávio era uma testemunha nesse caso.
Não há comprovações contra ele, apenas alegações.
Nós ainda não tivemos acesso a íntegra desse processo nem as perícias realizadas”, disse.
Propina Em depoimento ao Ministério Público, Durval afirmou que Arruda recebeu R$ 3 milhões em propina do setor de informática.
O delator afirmou ainda que Paulo Octávio seria beneficiário do esquema e teria recebido 30% das propinas recolhidas para aprovar o Plano Diretor de Ordenamento Territorial do DF.
Durval disse ao Ministério Público que entregou a Paulo Octávio pelo menos R$ 200 mil em uma das suítes do Hotel Kubitscheck Plaza, que pertence ao grupo do vice-governador.
De acordo com o delator, o dinheiro corresponderia à propina cobrada em razão de contratos de prestação de serviço no setor de informática envolvendo a empresa TBA.
Arruda e Paulo Octávio negam envolvimento com esquema.