Laryssa Borges, Portal Terra O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira que extrapolaria suas funções uma eventual indicação sua de um nome para compor a chapa da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, na corrida presidencial pelo Palácio do Planalto.
Ainda que diante da confirmação de que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedido para que seja arquivado inquérito contra o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, Lula disse que não existe “desejo” do chefe de Executivo de indicar o chefe da autoridade monetária ou qualquer outro nome para a chapa petista que disputará a presidência.
Henrique Meirelles, cotado para ser vice-presidente de chapa de Dilma Rousseff, foi denunciado por suspeitas de crime contra a ordem tributária.
Na ação, ele poderia responder pelo uso das chamadas contas CC5, criadas em 1969 para permitir que brasileiros façam transferências legais de recursos para o exterior, como forma de supostamente camuflar o desvio irregular de recursos para fora do País.
O caso tramita em segredo de Justiça. “Não existe desejo do Lula de fazer o vice da Dilma.
O vice da Dilma é da Dilma.
O vice da Dilma é dela e dos partidos que ela compuser aliança política.
O meu vice no tempo certo eu escolhi, que foi o José Alencar.
Pelo amor de Deus, eu já escolhi a candidata a presidente.
Agora escolher o vice também é demais.
Penso que ela é que tem que ter autonomia para escolher”, afirmou Lula.
O presidente, que mais cedo defendeu que, mesmo no último ano de seu governo, não pretende deixar de lado o controle da inflação e a manutenção das políticas monetária e fiscal, não quis informar como seria comandado o Banco Central diante da provável saída de Meirelles.
A Justiça Eleitoral estabelece até o início de abril como prazo final para eventuais postulantes a cargos públicos deixarem seus postos. “A situação do Meirelles é a situação que depende só dele.
Eu talvez converse com ele na semana que vem.
Não sei se ele quer ser candidato, não sei se ele não quer ser candidato.
Quando é o presidente da República que quer tirar um ministro tem um trauma.
Durante um mês vocês falam, fulano está sendo fritado, fulano está sendo cozinhado.
Agora vou ter uma penca de ministros que vão sair por vontade própria.
Quando a gente vai tirar um ministro, você chama o ministro lá e vai dizer para ele ‘olha, você vai ter que sair porque eu vou colocar (outro)’, é uma choradeira, é uma reclamação, (dizem) ‘mas logo eu?’.
Quando ele que quer sair ele não está preocupado com você.
Ele chega e te comunica ’tô fora’ e vai embora”, afirmou.