Bruno Tavares e Marcelo Godoy - O Estadao de S.Paulo O segundo dia de julgamento do caso Isabella mostrou as estratégias que devem ser usadas até o fim por defesa e acusação.
A promotoria explorou os três depoimentos de ontem - uma delegada e dois médicos-legistas - para mostrar que Isabella foi ferida, atirada ao chão e asfixiada antes de ser lançada, inconsciente, da janela do 6.º andar do Edifício London.
Enquanto isso, o criminalista Roberto Podval tentava desqualificar os depoimentos.
Não se tratava mais de provar a existência de um ladrão no prédio ou a possibilidade de uma prova acidental, mas de mostrar possíveis fragilidades na prova central desse júri - os laudos e exames periciais.
Tudo para pôr os jurados em dúvida e buscar a absolvição do casal.
Já no primeiro depoimento do dia, o da delegada Renata Pontes, isso ficou claro.
Foi ela quem presidiu o inquérito que incriminou o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá pela morte da menina.
A delegada contou como chegou à conclusão de que os réus eram culpados. “Com o decorrer das investigações tive 100% de certeza da autoria dos dois (réus) nesse homicídio.” O promotor Francisco Cembranelli tentou mostrar com suas perguntas que a delegada investigou todas as hipóteses antes de concluir pela culpa do casal.
A maquete do apartamento e do edifício foi usada pela primeira vez pelo promotor para que Renata narrasse aos jurados como vistoriou o local do crime.
Ao responder às perguntas da defesa, a delegada era sempre confrontada com pontos controversos da apuração. “A senhora afirma em seu relatório que havia sangue de Isabella na cadeirinha de bebê no carro do casal.
Pode me indicar onde está escrito isso?”, questionou Podval. “Me foi explicado que havia uma mistura de material genético na cadeirinha, com perfis compatíveis com Isabella, de Jatobá e do Pietro (um dos filhos do casal)”, disse Renata. “Não tenho uma compreensão clara do laudo porque há aspectos muito técnicos.” Pela primeira vez um jurado fez pergunta às testemunhas - queria saber da delegada se havia vestígios de sangue nas roupas de Jatobá.
Sinais. À tarde, foi a vez do médico Paulo Tieppo Alves, responsável pelo laudo da morte de Isabella.
O médico disse que a menina tinha sinais clássicos de asfixia por esganadura.
Contou que ela sofreu fraturas ao ser jogada no chão - como se estivesse no colo de alguém.
Disse que só depois ela foi atirada pela janela.
A promotoria usou o depoimento para desmontar a tese de que não houve asfixia.
O último a ser ouvido foi o perito Luiz Carvalho.
Afirmou que as gotas de sangue caíram de uma altura superior a 1,25 m. / COLABOROU ELVIS PEREIRA