Governador quer discutir caso da Chesf com Lobão Na Editoria de Economia do JC de hoje O governador Eduardo Campos (PSB) afirmou ontem, em entrevista coletiva, que vai pedir uma audiência com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para que os governadores do Nordeste tomem conhecimento sobre o que está ocorrendo na Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf).

A estatal está passando por um processo de perda de autonomia que inclui o fortalecimento da Eletrobrás, a dona da Chesf. “A nossa intenção é fazer um debate tranquilo sobre isso.

Procurar as informações seguras para não ser precipitado e encontrar o bom senso para os governadores do Nordeste”, resumiu Eduardo.

Para o governador, a holding Eletrobrás pode ficar fortalecida sem tirar a autonomia da Chesf.

A polêmica foi motivada pelas alterações que ocorreram no estatuto da Chesf, no ano passado.

A mudança fez com que as decisões estratégicas da Chesf tivessem que ser, previamente, aprovadas pelo conselho de administração da Eletrobrás.

O estopim para os atuais protestos feitos por políticos e sindicalistas foi a mudança na marca da empresa anunciada, oficialmente, no Rio de Janeiro anteontem.

A marca nova da estatal nordestina é Eletrobras-Chesf.

A alteração das marcas ocorreu também com as principais subsidiárias da Eletrobrás, como Furnas, Eletronorte e Eletrosul.

A Eletrobrás tem 16 empresas no setor elétrico.

PROBLEMA “O principal problema é que esse processo de centralização da Eletrobrás é feito totalmente as escuras e nem as próprias empresas (subsidiárias) participaram dessa discussão”, explicou o diretor do Instituto Ilumina Nordeste, Antonio Feijó.

Segundo o presidente do Sindicato dos Urbanitários de Pernambuco, José Barbosa, o processo não foi transparente. “Vamos tentar convencer os governadores da região sobre a importância da Chesf.

Se continuar desse jeito, a empresa vai virar um departamento da Eletrobrás no Nordeste”, lamentou.

O cargo é do governador Na coluna JC Negócios Vai doer muito, mas a partir de agora, quando os funcionários e pessoas com algum envolvimento com a empresa a relacionarem ao governo Lula terão que lembrar que foi na sua administração que a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco foi desmontada política e administrativamente.

E transformada num departamento encarregado de cuidar da operação do seu parque de geração.

Terão que lembrar, também, que aconteceu numa gestão cuja indicação do presidente e dois dos seus cinco diretores foi do Partido Socialista Brasileiro, presidido pelo governador Eduardo Campos, que dividiu o comando da estatal com o Partido dos Trabalhadores, que indicou as outras duas diretorias.

Isso vai incomodar de forma doída aos chesfianos.

Porque a companhia sempre foi um centro de resistência do conceito de ter, no Nordeste, um núcleo de planejamento – onde a Chesf, ao lado da Sudene e do Banco do Nordeste liderou o pensamento da região mais pobre do Brasil no sentido de atrair capitais e investimentos públicos.

A Sudene, como registra a história, foi extinta no governo FHC, depois de envolvida numa onda de corrupção junto com a Sudam, e, mesmo recriada, ainda não disse a que veio.

A Chesf esta sendo desmontada no governo Lula.

O que nos leva, desde já, a temer pelo futuro do BNB.

E é por isso que, mesmo com o fato consumado e a Eletrobrás (controlada pelo grupo do PMDB de José Sarney) tendo, de fato e de direito, o mando, é importante agora lutar pelo que ficou.

Especialmente na questão das linhas de transmissão das novas usinas da Amazônia e pelas concessões da empresa que expiram em 2015.

E isso vai muito além do novo crachá “Eletrobras-Chesf”.