Ricardo Feltrin secretário de Redação da Folha Online O assassinato do artista Glauco Vilas Boas foi premeditado, afirmam testemunhas do crime que já depuseram à policia.
Parte delas foi ouvida pela Folha Online neste domingo.
Elas não podem ser identificadas, pois também ainda estão à disposição do inquérito que investiga o assassinato de Glauco e seu filho Raoni, 25, na madrugada de sexta (12).
Segundo as testemunhas, o assassino é de fato Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 24, e ele sabia o que estava fazendo quando atirou no cartunista da Folha e líder religioso da doutrina do Santo Daime, fundador da Igreja e Comunidade Céu de Maria.
A polícia já sabe que Nunes planejou o crime em todas as fases, e que ele provavelmente queria matar toda a família: Glauco, Bia, Raoni, Juliana (filha de Bia), e seu filho.
Sundfeld Nunes obteve as armas, escondeu-as, foi de sua casa no Alto de Pinheiros (zona oeste) até o sítio perto do pico do Jaraguá (zona norte), e emboscou Juliana em casa, enteada do cartunista.
Ele a capturou e, com a gritaria, atraiu Glauco e o resto da família para o local do crime.
Aqui os depoimentos ainda não se encaixam.
Testemunhas se dividem e dizem que Nunes começou imediatamente a atirar em Glauco, ou que começou a gritar para todos entrarem no carro.
No caso da segunda versão, o objetivo era levar a todos para o alto do pico do Jaraguá, matá-los e atirar os corpos da montanha.
Uma testemunha disse que Glauco convenceu Nunes a levá-lo sozinho e deixar lá as mulheres e o filho de Juliana.
O criminoso, descontrolado, então mostrou a arma a Glauco, a abriu, tirou uma bala de dentro e a jogou no chão.
Mandou Glauco pegá-la, “para ver como é de verdade”.
Quando Glauco abaixou, obedecendo, levou uma coronhada.
Em seguida, levado ao portão, levou o primeiro de quatro tiros.
Neste momento Raoni (outro possível alvo do assassino) chegou e viu o pai caindo e sangrando.
Raoni conhecia Nunes havia muito tempo, eram inclusive considerados da mesma turma de amigos daimistas, Na semana retrasada, inclusive, tinham ido juntos a um McDonald’s na região de Alphaville.
As testemunhas dizem que Raoni não brigou com o assassino.
Ao contrário, disseram que ele se ajoelhou e implorou ao amigo pela vida do pai.
Então também foi baleado; e seu pai de novo, e ele novamente.
E mais dois tiros.
Após os tiros, as testemunhas em choque, Nunes correu para fora da propriedade e fugiu em um carro, que já o esperava com um colega motorista.
Carro e cúmplice já foram localizados e identificados.
O motorista deve se entregar nas próximas horas, acredita a polícia.
Assassino: fama de “playboy”, mas “respeitoso” Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 24, frequentou a igreja do Santo Daime até o ano passado, mas não foi possível apurar em que ano passou a frequentá-la.
Ele era fardado na própria Céu de Maria, de Glauco, e até frequentava seu escritório.
Aparentemente, conheceu o Daime por amigos de escola.
O rapaz estaria com problemas com drogas há anos.
Passou a tomar Daime em nova tentativa de largar o vício.
As igrejas daimistas têm histórico de casos de suposta cura de usuários de drogas, inclusive o crack.
Na igreja, o assassino nunca despertou suspeita.
Era visto por alguns como “playboy”, mas que sempre foi “respeitoso” com os demais fardados.