João Domingos e Leonencio Nossa, dO Estado de S.

Paulo Com críticas à imprensa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira, 11, na abertura da 2ª Conferência Nacional de Cultura que os editoriais publicados pelos jornais brasileiros mostram que seus autores são “falsos democratas”, que acham que são a “única voz pensante no mundo”. “Se vocês são como eu, que não gosto de ler notícia ruim, comecem a prestar atenção no noticiário, leiam os editoriais, para a gente ver o comportamento de alguns falsos democratas.

Façam isso, porque isso também é cultura.” Segundo Lula, os editoriais publicados hoje pelos meios de comunicação repetem os de 1953, quando teve início a campanha “O petróleo é nosso”. “Não há diferença.

Diziam que o Brasil não deveria fazer a campanha, porque aqui não havia petróleo”.

Para ele, os meios de comunicação traduzem “a pequenez do pensamento daqueles que acham que o Brasil só tem cidadãos de segunda classe”.

A abertura da conferência - a 67ª feita durante os dois mandatos de Lula - serviu de palanque para a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, candidata à Presidente pelo PT.

A ministra fez um discurso que não empolgou.

Já Lula sabia para quem estava falando - uma plateia formada por defensores do controle social da mídia e de combate ao monopólio dos meios de comunicação eletrônicos.

Ele lembrou que recentemente havia sido feita, em Brasília, a 1ª Conferência de Comunicação, que pregou o controle social da mídia. “Tem gente que morre de medo dessas conferências.

Atacam elas, criam polêmicas.

Mas erram o alvo porque eu não tenho medo de polêmicas.

Sou o resultado da polêmica.

Existo por isso”, afirmou.

Lula disse que o ministro da Comunicação de Governo, Franklin Martins, “tem sofrido ataques” por ter reduzido a publicidade paga aos meios de comunicação e estabelecido que será pago o que cada um vale e não o que pensa que vale.

O presidente fez ainda uma comparação entre o filme Avatar, de James Cameron, que custou U$ 400 milhões, e Lula, o filho do Brasil. “O Luiz Carlos Barreto (produtor do filme) teve que pedir desculpas antes mesmo de começar o filme, teve de dizer que não tinha dinheiro público ali.” Por fim, Lula criticou a programação das TVs a cabo e disse que é preciso incentivar produções regionais.