BLOG DE JAMILDO - Artigo do chefe de fiscalização em Pernambuco View more documents from guest0739d3c.

Diário de Pernambuco publica novas incorreções e ataca servidor do Ibama Recife (11/03/10) - A edição de hoje do Diário de Pernambuco traz novos erros na condução da suíte sobre a busca do papagaio Guinho e agora acusa servidor do Ibama de autoritário e de tentar “intimidar a redação”.

São novos enganos que o jornal comete numa aparente tentativa de desenredar-se de uma cobertura jornalística falha, evidenciada nas edições de ontem e de hoje.

Para entender o caso: o referido jornal publicou ontem matéria sobre aposentada que busca um papagaio desaparecido.

Embora considerada inofensiva, a posse de animais silvestres sem documentos que comprovem sua origem é crime.

O jornal, aparentemente, desconhece a legislação e trata o tema apenas pelo lado humano, expondo o sofrimento da aposentada nessa busca.

Sem saber que é crime - ou sabendo mas dando pouco valor a isso - o jornal deixa de zelar pela sua fonte, revelando nome, fotografia, referências do endereço e mais, relatando detalhes de outras irregularidades cometidas pela personagem da matéria.

Diante de tamanha publicidade do fato ilegal não restou outro caminho aos órgãos ambientais e à polícia a não ser agir.

Portanto, o denunciante desse crime não foi o jornal concorrente como relatado na matéria de hoje, mas o próprio Diário de Pernambuco.

Por um possível equívoco do policial encarregado de acompanhar o caso, o formulário de intimação foi preenchido apontando como denunciante o Jornal do Commercio, o que não corresponde à verdade.

Fato é que o Diário de Pernambuco não guardou sigilo sobre sua fonte, expondo-a e sujeitando-a às sanções legais.

No final da tarde de ontem, agentes do Ibama e da Polícia Civil foram até a casa da denunciada para investigar o caso.

A personagem da matéria, Mercês Maciel, foi intimada a depor na delegacia sobre as aves que afirma ter mantido em cativeiro.

Os agentes do Ibama a notificaram a comparecer na sede do órgão em Recife, o que ocorreu na manhã desta quinta-feira.

A denunciada foi autuada em R$ 5 mil, com base no artigo 33 do Decreto 6.514 de 2008.

O inquérito criminal e possíveis processos penais serão conduzidos pela polícia, Ministério Público e pelas esferas judiciais; a ação do Ibama se encerra com a autuação de Mercês Maciel. É triste notar que, novamente, a reportagem do Diário de Pernambuco não reconhece a problemática ambiental ou legal em que está inserida a questão.

Tenta, apenas, defender uma postura errática, iniciada no domingo com a publicação do anúncio de recompensa do papagaio e mantida nas edições de ontem e hoje, onde os mantenedores ilegais de animais silvestres são apresentados como defensores da natureza.

A esse respeito, recomendo a leitura em anexo do artigo redigido pelo Chefe da Fiscalização do Ibama em Pernambuco, Leslie Tavares.

Ainda sobre a exaltação do “afeto” dos humanos em detrimento da liberdade dos animais silvestres, esclarecemosque o papagaio devolvido pelo Ibama a um mantenedor irregular (citado na matéria Justiça já garantiu direito a criadores) sob determinação da justiça, ainda pode ter outro desfecho.

A ave teve de ser restituída mediante uma decisão liminar, que poderá ser revertida.

O juiz que deferiu o documento não teve informações suficientes sobre o caso; se as tivesse tido em tempo, provavelmente, poderia reverter sua decisão, pois o mantenedor não tinha em sua casa apenas um papagaio, mas uma dezena de aves, todas elas irregulares.

Era, portanto, um infrator ambiental contumaz, cujo “afeto” pelos animais precisa ser reconsiderado.

Sobre as afirmações da matéria a respeito do comportamento deste assessor de comunicação, não há outro comentário a ser feito a não ser que mergulha no jornalismo de ficção.

Confunde conceitos e cria falas que não ocorreram. É compatível, portanto, com as demais falhas já explicitadas na cobertura toda.

Seria adequado que o jornal me procurasse, de preferência com um repórter alheio ao caso, para esclarecer a questão.

De minha parte, como sempre firmado nos comunicados,estou à disposição da imprensa.

Finalizando, é importante destacar que a fragilidade do Ibama na fiscalização, como citada pela repórter, nunca será equacionada se os veículos de comunicação não tiverem uma postura condizente no combate às ilegalidades ambientais.

Ficar defendendo a posse de animais silvestres e não entender que é esse comércio individual e capilarizado que fomenta o tráfico é péssimo para todos, prejudica a natureza e leva a uma sobrecarga nos órgãos ambientais.

Pode ser reflexo de cegueira ou de má-fé dos jornalistas.

No caso do Diário de Pernambuco, preferimos acreditar que seja uma cegueira temporânea da repórter.

Em tempo: um pouco mais de seriedade na edição de hoje reproduziria no título da matéria, ou no corpo do texto, que o jornal errou.

Mas essa é uma decisão exclusiva da equipe, lastreada unicamente no compromisso com o leitor e com a ética.

Airton De Grande Ascom/Ibama/PE PS: Quer tirar suas próprias conclusões?

Leia a matéria criticada aqui.