Cavaleiros sem cabeça Por Sérgio Montenegro Filho, no blog www.polislivre.blogspot.com A situação das oposições em Pernambuco é realmente digna de pena.
Não apenas porque estão fragilizadas.
Ou por terem sido atropeladas pelo rolo-compressor governista.
A penúria deve-se, mais do que nunca, à hesitação dos caciques em formalizar suas candidaturas.
Os oposicionistas estão prontos, armados até os dentes para sair em campanha.
Mas lhes faltam as cabeças.
Afinal, é praticamente impossível formatar um discurso eleitoral sem citar os candidatos a governador e a presidente da República.
Todo mundo sabe que o governador José Serra (PSDB) e o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) serão candidatos a presidente e governador, respectivamente.
E a demora de Serra em oficializar sua candidatura pode até ter seus motivos.
Assim como Jarbas tem lá os seus.
O problema é convencer os aliados, que já começam a perder a paciência, publicamente.
A ironia da situação é que o primeiro a protestar contra a hesitação de Serra foi exatamente Jarbas.
O senador se mostrou incomodado com o fato de as oposições estarem sendo “atropeladas” pelas candidaturas da ministra Dilma Rousseff (PT) e do governador Eduardo Campos (PSB), ambos em plena campanha.
Mas em vez de as queixas surtirem efeito, Jarbas foi obrigado a botar o pé no freio.
Ontem, depois de ser informado que Serra só planeja se declarar candidato no último dia do prazo de desincompatibilização, 3 de abril, o senador se viu obrigado a esperar que o cacique tucano quebre o silêncio.
A explicação, Jarbas já deu: uma candidatura a governador não deve ser movida apenas por motivos paroquiais.
Precisa ter um respaldo nacional.
E a aliança Serra-Jarbas já é uma velha conhecida dos pernambucanos. É fato que a candidatura de Jarbas é a única opção viável para que as oposições no Estado consigam fazer alguma frente ao trator pilotado por Eduardo Campos.
Que, em pouco mais de três anos, neutralizou - parcial ou completamente - os palanques de oposição em vários municípios pernambucanos.
Em tempos de crise, foram todos atraídos pelo guarda-chuva palaciano e seu link direto com o governo Lula.
E como se não bastassem as deserções, a oposição ainda pena com a antecipação da campanha.
Vista com a maior das complacências pela Justiça Eleitoral.
Nem a gritaria dos opositores nas tribunas, nem as várias ações impetradas por eles nas devidas instâncias sensibilizaram os magistrados a punir as “campanhas micaretas”.
Aquelas feitas fora de época.
E não é porque os juízes são partidários de um ou outro candidato.
Essa é uma crítica fácil, que poupa os mais “ofendidos” de olhar para o próprio umbigo.
O que acontece, na verdade, é que eles estão, simplesmente, seguindo o que manda a legislação eleitoral.
Uma legislação com mais buracos que tábua de pirulito, que foi elaborada pelas mesmas pessoas que hoje protestam.
E que se recusam a fazer a necessária reforma política.
E como a lei é feita para todos, se o cenário de hoje favorece os governistas, paciência.
A vantagem do jogo eleitoral já esteve, no passado, com quem agora está na oposição.