Por Luciano Siqueira Que a grande mídia bata forte no PT, em Lula e Dilma e que os porta-vozes demo-tucanos também o façam, tudo bem.

Faz parte do jogo pesado da sucessão presidencial.

Mas não precisa atravessar o samba tanto assim.

Vejam.

O PT fez o seu congresso, aprovou uma proposta de programa de governo a ser oferecida ao conjunto das forças políticas que se congreguem em torno da candidatura da ministra Dilma.

Uma proposta avançada sob muitos aspectos, diga-se, e por isso mesmo alvo de verdadeiro bombardeio.

Uns atiram porque consideram a proposta progressista em demasia (contrariando os interesses deles), demonizando itens como a redução da jornada de trabalho sem perda salarial e a democratização dos meios de comunicação.

Outros esbravejam contra o que consideram “incoerência”petista: o programa aprovado não seria exatamente o programa do futuro governo.

Tamanha ignorância!

Ou tergiversação. É preciso compreender a correta relação entre programa partidário, programa de coalizão político-eleitoral e programa de governo.

Melhor será dizer, para ser exato, “programa”, “plataforma” e “plano de governo”.

Todo partido político tem seu programa.

O PCdoB, por exemplo, atualizou o seu no 12º.

Congresso ocorrido no final do ano passado, que se constitui num enorme avanço teórico e político, entrelaçando proposições táticas, visíveis no horizonte político de curto e médio prazo, com o objetivo estratégico, a transição ao socialismo.

Pois bem.

Numa coalizão partidária, nenhum partido que a integra abre mão do seu programa, mas reconhece que não dá para exigir que os demais o adotem.

Firma-se, então, um programa (plataforma) comum, consensual, em torno das proposições que todos considerem indispensáveis para que estejam juntos e que expressa o que se pretende realizar no governo.

Mas acontece que uma vez no governo, há irremediavelmente uma discrepância entre o programa apresentado na campanha (a plataforma) e o programa de governo propriamente dito – ou, melhor dizendo, plano de governo, cuja fidelidade à proposta original será maior ou menor dependendo de um conjunto de fatores, entre os quais a correlação de forças existente.

Lula, por exemplo, elegeu-se duas vezes em pleitos em que a maioria dos senadores e deputados federais se elegeu articulada com o oponente derrotado.

Para governar, então, o presidente teve que fazer acordos com partidos que não marcharam com ele nas eleições, mas passaram a apoiar o governo.

Isso tem conseqüências sobre o plano de governo, porque implica em acordos e concessões, ainda que não se abra mão do conteúdo essencial da plataforma com a qual o presidente se elegeu.

Portanto não há, nesse caso, nenhuma incoerência do PT.

PS: Luciano Siqueira é vereador pelo PCdoB www.lucianosiqueira.com.br www.twitter.com/lucianoPCdoB www.lucianosiqueira.blogspot.com