De Política/Jornal do Commercio No mesmo dia em que o diretório nacional do PT deve aprovar resolução orientando o partido a evitar as prévias, Humberto Costa e João Paulo se reúnem para debater a escolha do candidato petista ao Senado na chapa do governador Eduardo Campos (PSB).
Sugerido e intermediado pelo presidente nacional da legenda, José Eduardo Dutra, o encontro entre os líderes pernambucanos também acontece hoje em Brasília, provavelmente na sede do PT.
A medida deve reforçar a tentativa de acordo nos Estados, ainda que os dois pré-candidatos em Pernambuco estejam irredutíveis até o momento. “Vamos tentar seguir essa orientação (da nacional).
Tentar negociar”, declarou ontem Humberto Costa, nome lançado pela corrente Construindo um Novo Brasil (CNB).
Na quarta-feira, Humberto afirmou que o instrumento das prévias era mais democrático do que uma decisão tomada no encontro estadual do partido.
O encontro – onde os delegados do PT dão o seu voto – é outro caminho que pode ser adotado na escolha do candidato, caso não haja consenso.
Embora todo a direção nacional pressione para uma solução negociada, tanto Humberto quanto João Paulo afirmaram esta semana que não acreditam num acordo nesse primeiro encontro de hoje. “Meu espírito é de conversa.
Ver o que se coloca na mesa”, ponderou Humberto.
João Paulo, que foi lançado pelo Campo de Esquerda Unificado (CEU), preferiu aguardar a reunião para voltar a falar sobre o assunto.
O ex-prefeito foi para Brasília ainda na última quarta-feira e desde então conversou com vários políticos para sentir o clima.
O presidente estadual do PT, Jorge Perez, que também está em Brasília e pode participar do encontro com Dutra, também não aposta numa solução final hoje. “Mas a expectativa é evoluir.
Pelo menos que se tire alguns encaminhamentos para um entendimento”, estima o político, também da CNB.
Perez e Humberto ressalvaram, porém, que as prévias não foram vetadas pela direção nacional, pois são garantidas no estatuto do partido.
A resolução que será votada hoje no diretório nacional foi aprovada ontem pela executiva do partido.
A ideia era proibir com todas as letras as prévias, sob o argumento de que uma guerra interna entre petistas pode respingar na campanha presidencial da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
A tendência, porém, é adotar agora uma solução de meio termo, sem vetar a prévia no papel, mas agindo nos bastidores para desidratá-la.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu à cúpula do PT que atuará para impedir uma disputa fratricida entre pré-candidatos petistas ao Senado no Rio de Janeiro, em Pernambuco e no Mato Grosso. “Prévia não tem sentido neste momento, mas respeito qualquer decisão”, afirmou o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias.
Se não houver acordo, Lindberg terá de enfrentar a secretária de Ação Social do governo fluminense, Benedita da Silva, que também está de olho na vaga ao Senado.
Na tentativa de evitar embaraços para a campanha de Dilma, o Diretório Nacional do PT prega acordo entre os pré-candidatos nos encontros estaduais, que começam neste mês e devem ser esticados até junho, para a definição da política eleitoral e da tática de alianças.
Informações de bastidores dão conta que a direção nacional também possa indicar o nome nos Estados – tudo em nome da preservação da candidatura de Dilma.