Concepción, 04 de março de 2010.

Posso dizer que minha vida sempre teve momentos fortes, difíceis ou não, porém todos possíveis de uma descrição.

Porém essa última experiência vivida de um terremoto de 8,8 graus na escala Richter é algo indescritível.

Pior que o terremoto é ver um “terremoto social”.

Um povo marcado pelo ódio, ódio esse cultivado por um movimento político de esquerda durante 20 anos de governo que, paulatinamente, foi gerando na consciência coletiva da população chilena a divisão entre “ricos” e “pobres”, “empresarios” (como sanguessugas) e “trabalhadores”(como explorados).

Pior que ver a destruição causada pelo terremoto foi ver pessoas saqueando supermercados, roubando de tudo, mas tudo mesmo, coisas que nesses momentos não eram necessárias.

Expliquem-me, por favor, quem puder, o que se faz com refrigeradores, televisões, óculos, sabão em pó para máquina de lavar, quando não há água, luz, gás, telefone?

O negócio era pegar o que encontrasse e como roubar ainda era pouco, melhor queimar.

E quantos supermercados depois de saqueados foram queimados.

Quase todos.

Que triste, lamentável, uma sociedade assim não pode ser chamada de sociedade.

Nem tão pouco podemos qualificá-la de animal irracional, porque nenhum animal destrói outro animal de sua mesma raça.

Esses últimos 5 anos que vivo aqui tento entender a mentalidade do povo chileno, não é fácil.

Parecem muito simpáticos, alguns são excepcionais, mas são poucos.

Nem sempre atrás de um sorriso há amabilidade ou sinceridade.

Pode-se até entender um roubo por fome mas para um roubo por aproveitamento da desgraça alheia é algo que não se pode fazer vistas grossas.

Graças a Deus, estamos bem, sem nenhuma ferida, nossas casas também estão inteiras e sem danos estruturais.

Se quebraram algumas peças, abat-jours, algumas taças, vasos de flores, puras besteiras comparadas com a maioria das pessoas que aqui vivem… muitas estão dormindo nas ruas em barracas de camping.

Por outro lado, o terremoto resgatou um sentimento que há muito tempo estava desaparecido, a união entre vizinhos, a solidariedade.

Tivemos que nos juntar para nos defender de ladrões, havia rumores de que iam invadir nossas casas, nos reunimos, fizemos barricadas.

Compartilhavamos o que tínhamos.

Aqui em casa tem uma piscina e na falta de água, essa água da piscina ajudou a muita gente e a nós também a não ficar totalmente sem água.

Incrível é que eu, que sou extrangeira, fui a única que tinha água potável guardada em garrafas de água mineral.

Em vez de jogá-las no lixo depois de usá-las, enchia esas garrafas com agua da bica (que aquí é potável), por pura prevenção.

Tenho um vizinho que tem uma padaria, que sempre destribuia pão para os outros vizinhos, e assim foi..

Entre familias também distribuíamos o que tínhamos.

Até agora, para a gente, não foi como mostram as fotos da tragédia aqui, ao menos para a gente e por isso creio que temos muita sorte e proteção de Deus, porque é a única explicação que tenho no momento.

E estou certa de que todos vocês nos ajudaram com todas as suas orações e tenham certeza de que valeu a pena.

Sempre vale.

Estou vivendo um momento de emoções estranhas, ainda tenho medo, porque não se sabe se tudo isso já passou ou se ainda pode vir algo mais.

Espero que já tenhamos vivido o pior… virão tempos difíceis.. mas fui criada com uma mentalidade de pessoas que viveram experiências de guerra – meus avós italianos e filhos de italianos, que imigraram para o Brasil em busca de uma vida melhor, fugindo das duas famosas guerras mundiais – sempre me disseram: o amanhã é incerto, hoje temos tudo mas podemos não ter nada amanhã, portanto saiba construir sua vida estando preparada para o que der e vier.

Estavam certíssimos.

Ainda teremos muito tempo vivendo a lembrança desse terremoto.

Todos os dias tem uma quantidade de tremores de terra.. uns muito suaves e outros mais fortes.

Assusta, como assusta, sobretudo quando a imagem do terremoto ainda está bem fresca nas nossas mentes.

Mas enfim, todas essas experiências são para fortalecer-nos.

Com saúde física e mental podemos fazer muitas coisas até reconstruir um país e graças a Deus hoje temos um presidente eleito que creio ser o único capaz para reorganizar essa nação.

Espero que assim seja.

Ao abrir meu e-mail hoje, depois de ter mandado a todas as pessoas queridas, noticias para tranquilizá-las que estamos todos bem, tamanha foi minha alegria, foi tanta que não contive minhas lágrimas: 107 e-mails de amigos e familiares de todo o mundo, demonstrando sua alegria e satisfação em saber por mim mesma que estávamos bem.

Graças a Deus, estamos bem, sem nenhuma ferida, nossas casas também estão inteiras e sem danos estruturais.

Se quebraram algumas peças, algumas taças, vasos de flores, besteiras comparadas com a maioria das pessoas que aqui vivem, muitas estão dormindo nas ruas em barracas de camping.

Por outro lado, o terremoto resgatou um sentimento que há muito tempo estava desaparecido, a união entre vizinhos, a solidariedade.

Tivemos que nos juntar para nos defendermos de ladrões, havia rumores de que iam invadir nossas casas, nos reunimos, fizemos barricadas, não sabíamos com o que íamos encontrar.

Compartilhamos o que tínhamos. aquí em casa temos uma piscina e na falta de água, essa água da piscina ajudou a muita gente e a nós também a não ficar totalmente sem água.

Incrível é que eu, que sou extrangeira, fui a única que tinha água potável guardada em garrafas de água mineral, porque em vez de jogá-las no lixo depois de usá-las, enchia essas garrafas com agua da bica (que aqui é potável), por pura prevenção.

Tenho um vizinho que tem uma padaria, que sempre destribuia pão para os outros vizinhos, e assim foi.

Entre familias também distribuíamos o que tínhamos.

Até agora, para a gente, não foi como mostram as fotos da tragédia aqui, ao menos para a gente e por isso creio que temos muita sorte e proteção de Deus, porque é a única explicação que tenho no momento.

E estou certa de que todos vocês nos ajudaram com todas as suas orações e tenham certeza de que valeu a pena.

Sempre vale.

Estou vivendo um momento de emoções estranhas, ainda tenho medo, porque não se sabe se tudo isso já passou ou se ainda pode vir algo mais… espero que já tenhamos vivido o pior.

Virão tempos difíceis, mas fui criada com uma mentalidade de pessoas que viveram experiências de guerra – meus avós italianos e filhos de italianos, que imigraram para o Brasil em busca de uma vida melhor, fugindo das duas famosas guerras mundiais – sempre me disseram: o amanhã é incerto, hoje temos tudo, mas podemos não ter nada amanhã, portanto saiba construir sua vida estando preparada para o que der e vier.

Estavam certíssimos.

Hoje estou vivendo um ambiente que reflete muito bem esse pensamento.

Olho ao meu redor, vejo muitas destruições, essas pessoas que tiveram algo, hoje não tem nada.

Triste, tremendamente triste.

Nós mesmo vamos ter muito trabalho para limpar e reorganizar as duas lojas que tem muitas coisas quebradas, não somente mercadorias como computadores e instalações, mas tem empresários em piores condições, que estão a beira de um quebra, porque além das mercadorias saqueadas lhes roubaram todos seus equipamentos, maquinárias, deixando seus negocios no esqueleto, quando não foram queimados..

Ainda teremos muito tempo vivendo a lembrança desse terremoto.. seguem as réplicas… todos os dias tem uma qualquer quantidade de tremores de terra.. uns muito suaves e outros mais fortes..

Ontem mesmo tivemos um tremor de 5,9 graus da escala Richter, isso significa uma sacudida forte.

Assusta, como assusta… sobretudo quando a imagem do terremoto ainda está bem fresca nas nossas mentes..

Mas enfim, todas essas experiências são para fortalecer-nos.. com saúde física e mental podemos fazer muitas coisas até reconstruir um país… e graças a Deus hoje temos um presidente eleito que creio ser o único capaz para reorganizar essa nação… espero que assim seja..

Queridos pai, mãe, irmãos, cunhada, futuro sobrinho, tios, primos e amigos, amo todos vocês!

Sintam-se todos vocês abraçados, com todo o meu carinho.

Um grande beijo, Elaine Tolomei.

Elaine Tolomei é carioca e mora no Chile.