Por Sérgio Montenegro Filho, no blog www.polislivre.blogspot.com O PSDB ainda não se recuperou do susto provocado pelos números da pesquisa Datafolha de domingo passado.
A queda de quatro pontos sofrida pelo presidenciável José Serra (37% para 32%) e o crescimento de cinco pontos da petista Dilma Rousseff (23% para 28%) gerou um sentimento semelhante ao pânico no estômago dos tucanos.
E só aumentou o sentimento de desorientação.
Essa deve ter sido, inclusive, a sensação experimentada ontem pela cúpula tucana durante a reunião e o almoço no gabinete do senador Tasso Jereissati (CE).
Onde o cardápio, certamente, deve ter tido ingredientes da cozinha mineira. É que depois de Serra perder a sua principal opção de vice - o governador José Roberto Arruda (DF), preso por corrupção - que sacramentaria a aliança com o DEM, ficou sem alternativas para compor a chapa.
E agora enfrenta dificuldades dentro do seu próprio partido para conseguir um companheiro de disputa.
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, cuja pretensão era concorrer ao Planalto - e não ao Jaburu - continua se descartando.
E Tasso Jereissati, segundo gente do próprio PSDB, também não estaria muito a fim de trocar o elevador da reeleição para o Senado pela escadaria da corrida presidencial.
Nos últimos dias - e principalmente após a pesquisa Datafolha - a pressão sobre o tucano mineiro triplicou.
Mas ele não arreda o pé de disputar o Senado.
Estrela das festividades do centenário do seu avô, Tancredo Neves, esta semana Aécio recebe praticamente toda a constelação da oposição nacional em Minas Gerais.
Imagine a quantidade de pedidos que vai ouvir para compor a chapa?
Se Aécio ceder, Serra pode até ganhar um fôlego extra, levando em conta a boa aceitação que o colega mineiro tem lá pelas bandas do Sudeste. É o governador melhor aprovado no País, tem poucas arestas com as esquerdas e, de quebra, possui uma imagem bem menos desgastada que a do colega paulista.
Mas Aécio quer, mesmo, é a vaga de presidenciável.
Se fracassa essa opção, onde os tucanos vão buscar o vice?
No PPS, terceiro aliado nas oposições, não há alternativas com densidade.
A solução caseira, que já chegou a ser ventilada antes, seria manter a chapa puro-sangue, com o presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra.
Mas desde a primeira vez que ouviu a sugestão, o pernambucano - como se diz no seu Estado natal - correu léguas de distância.
Na verdade, ninguém da oposição esperava os números que a pesquisa revelou.
Por mais que insistam tratar-se apenas de um “cenário de momento”, basta pegar lápis e papel e traçar dois gráficos, baseados nos índices das últimas sondagens, para o frio na barriga voltar a assustar.
A curva de Serra é absolutamente decrescente, enquanto a de Dilma parece mais a ladeira da Misericórdia.
Para quem não conhece, é a subida mais íngreme da Cidade Alta de Olinda.
O fato é que a oposição esperou demais.
Fosse por uma decisão de Serra, fosse pela queda de Dilma nas pesquisas.
E nenhuma das duas aconteceu.
A presidenciável petista subiu e o governador tucano não se decidiu em tempo hábil para botar o bloco na rua.
Agora, vai ter que fazer isso às pressas.
A expectativa é de que ainda esta semana - na tentativa de recuperar terreno perdido para os petistas - o PSDB anuncie, formalmente, a pré-candidatura de Serra.
Só precisa conseguir, dentro de toda essa adversidade que se criou pós-carnaval, encontrar quem aceite a vice.
De bom grado.