Mensalão: dois pesos e duas medidas?

Por Terezinha Nunes Após alguns anos de denúncias e mesmo comprovação de escandalosos casos de corrupção, o Brasil assiste com sabor de vitória o afastamento e a prisão do governador de Brasília, José Roberto Arruda.

Independente do andamento do processo judicial que pode ou não comprovar a participação do governador, a população comemorou a prisão, não se referindo apenas ao caso em si, mas ao cansaço diante da impunidade que há muitos anos prepondera e que acaba causando desânimo aos que lutam pelos princípios da ética na sociedade brasileira.

Flagrado em imagens em que aparece recebendo dinheiro, Arruda não teve como se defender, embora alegasse que se tratava de recursos de campanha e não de recursos do governo do Distrito Federal.

Agora a sociedade espera que o mesmo aconteça com os 40 envolvidos no chamado Mensalão do PT, aquele que não incriminou governadores mas ministros e deputados e que ficou célebre através do flagrante em que se surpreendeu um assessor do deputado José Genoíno transportando 100 mil dólares na cueca.

Voltando ao assunto dos mensaleiros petistas - muitos sendo reabilitados pela legenda e até passando a integrar a equipe de coordenação da candidata a presidente Dilma Rousseff, como é o caso de José Dirceu - caso não sejam punidos de forma exemplar, como aconteceu com Arruda, vai ficar claro que no Brasil a justiça usa dois pesos e duas medidas no julgamento de casos flagrantes de corrupção.

Sabemos que ao Palácio do Planalto não interessa em absoluto que os petistas envolvidos no desvio de recursos acabem cassados e, muito menos, atrás das grades, como aconteceu com Arruda.

Ao contrário do DEM que exigiu a saída de Arruda do partido - agindo da mesma forma com o vice - o PT continua protegendo seus acusados.

O próprio presidente Lula cuidou de minimizar o ilícito esta semana dizendo que o mensalão petista foi orquestrado por quem queria destruir o PT e desdenhou: “queriam acabar com o PT mas conseguiram levar apenas um dedo do pé”.Ora, poderíamos responder ao presidente: se só com um dedo desviaram mais de R$ 100 milhões, imagine se o PT tivesse perdido um pé inteiro.

Estaríamos arruinados.

O mensalão petista, de julgamento tão postergado, corre o risco de ter alguns dos envolvidos inocentados por decurso de prazo.

Espera-se, porém, que diante do clamor da sociedade que comemorou nas ruas, em pleno carnaval, o inferno astral de Arruda, o STF chame o feito à ordem e faça as pazes com a sociedade, demonstrando que, mesmo estando no poder, o PT não pode calar a justiça.

Agindo diferente vai difundir ainda mais a impressão de que caminhamos para um ditadura de um partido que se acha dono do povo e que só enxerga defeito nos outros.

PS: Terezinha Nunes é deputada estadual