Por Gilvan Oliveira, de Política/Jornal do Commercio goliveira@jc.com.br Dez dias após anunciar que iria às prévias no PT para a escolha do candidato ao Senado, o ex-prefeito João Paulo (PT) recuou.

Ontem, ele afirmou que não vai mais à disputa interna.

Alegou que assim preservará a candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) a presidente.

E assegurou que apoiará uma eventual postulação do secretário das Cidades, Humberto Costa, com quem trava uma disputa na sigla pela candidatura a senador. “Vamos resolver isso sem conflito.

Vou atender um pedido da ministra Dilma de não ir às prévias.

Se a (direção do PT) nacional está inclinada pela candidatura de Humberto, eu o apoiarei.

Não vai precisar de intervenção no PT daqui”, disse João Paulo.

Humberto declarou que só comentaria a posição do ex-prefeito depois de conversar com ele.

O secretário garantiu que há ambiente no partido para um entendimento e reforçou que “o ideal” seria não usar prévias para dirimir o assunto.

Porém, diferentemente de João Paulo, colocou-as como uma possibilidade caso não se chegue ao consenso.

A decisão de João Paulo – que recebeu ontem o título de Cidadão de Paulista – veio depois da sinalização da direção nacional do PT contra as prévias nos Estados para a escolha de candidatos ao Senado.

Isso para que os desgastes das disputas internas não respinguem em Dilma.

Além de Pernambuco, petistas do Rio de Janeiro e Mato Grosso ameaçam ir a uma votação interna para escolha dos seus postulantes.

O ex-prefeito deixou claro, no entanto, que manterá sua pré-candidatura majoritária, mas que só será candidato se houver consenso quanto ao seu nome.

Ontem, o presidente estadual do PT, Jorge Perez, negou que a direção nacional tenha “proibido” prévias.

Ele ressaltou que há apenas uma orientação para “evitar” o instrumento.

E que não há possibilidade de intervenção no PT local, seja qual for o resultado de uma eventual prévia.

João Paulo e Humberto têm uma conversa marcada com o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, na próxima sexta-feira (5), em Brasília.

Será uma tentativa de entendimento entre eles sobre candidatura.

Os dois conversaram anteontem por telefone, mas não conseguiram marcar um encontro por incompatibilidade de agendas.

Devem se reunir na quinta-feira, já em Brasília, para uma conversa prévia ao encontro com Dutra.

Essa é mais uma guinada na posição de João Paulo.

Sempre colocado como pré-candidato a senador, no início de 2009 ele anunciou que disputaria uma vaga de deputado federal por não contar com apoio do PT para um projeto majoritário.

Mas voltou atrás e retomou o projeto majoritário no final do ano passado, chegando a anunciar, há 10 dias, que iria às prévias se necessário.