Deu no Estadão Empenhada em impedir desgastes que respinguem na campanha presidencial da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a cúpula do PT quer agora proibir prévias para a escolha de candidatos ao Senado.

A decisão promete polêmica, já que em três Estados - Rio, Pernambuco e Mato Grosso - petistas se engalfinham com o objetivo de garantir a indicação do partido para uma das duas vagas em disputa.

Sob o argumento de que é preciso evitar queda-de-braço na seara do PT e blindar Dilma na corrida ao Palácio do Planalto, o Diretório Nacional do partido deverá aprovar resolução, na próxima sexta-feira, vetando as prévias para o Senado.

A tendência é deixar o veredicto sobre as candidaturas para os encontros estaduais, em abril.

O estatuto do PT determina a realização de prévia quando houver mais de um pretendente ao mesmo cargo majoritário, mas a decisão, nesse caso, será política.

Na prática, o movimento da equipe de Dilma é para desidratar todo tipo de pendenga que possa constranger a ministra e seus aliados.

Além de destacar que nunca houve votação de militantes para a escolha do concorrente ao Senado, petistas argumentam que o 4º Congresso Nacional do partido delegou ao diretório, no último dia 19, a tarefa de decidir, “em última instância”, a tática eleitoral e as alianças necessárias para impulsionar a campanha de Dilma. “Prévia para o Senado não é uma coisa vista com bons olhos”, diz o secretário de Organização do PT, Paulo Frateschi. “Quem está fazendo composição com outros partidos tem de negociar, não entrar numa disputa desgastante.” Em 2002, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva foi obrigado a se submeter a contragosto a prévia com o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) para a definição do candidato à Presidência.

PALANQUES A polêmica, agora, ocorre no rastro das dificuldades para a montagem dos palanques de apoio a Dilma, em parceria com o PMDB.

No Rio, depois de muita briga, o PT resolveu apoiar a campanha à reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB).

Há, porém, um nó difícil de desatar na briga pelo Senado.

Após desistir de enfrentar Cabral , o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), esperava ser aclamado candidato do PT ao Senado.

Mas a secretária de Ação Social do governo fluminense, Benedita da Silva, está de olho na vaga e não abre mão de desafiar Lindberg.

Longe dali, em Pernambuco, o secretário das Cidades, Humberto Costa, e o ex-prefeito do Recife João Paulo Lima e Silva também não conseguem chegar a acordo sobre quem vai empunhar a bandeira do PT para o Senado.

A situação se repete em Mato Grosso: de um lado está a senadora Serys Slhessarenko, que deseja concorrer a mais um mandato, e, de outro, o deputado Carlos Abicalil, interessado na cadeira hoje ocupada por ela. “O momento não permite que a gente fique exposto durante tanto tempo a uma guerra interna”, diz o deputado João Paulo Cunha (PT-SP). “Precisamos considerar que nossa unidade é importante nos três Estados, onde somos forças complementares, até porque o resultado dessas prévias não será diferente do que for decidido pelos encontros estaduais.” CASO MINAS No caminho petista há outros percalços.

Embora a estratégia para a campanha de Dilma passe pelo crivo do Planalto, dirigentes do PT mostram preocupação com o cenário que se avizinha: ao que tudo indica, o partido tende a ficar sem nome próprio para os governos de São Paulo, Minas, Rio e Espírito Santo, Estados do Sudeste que concentram quase metade do eleitorado.

Em Minas, tudo caminha para o candidato ser o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB) - embora o PT tenha o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, como postulantes à cadeira do governador Aécio Neves (PSDB).

Em São Paulo, o PT virou refém do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), que ainda não decidiu seu destino político.

No Rio está certo o apoio petista a Cabral e, no Espírito Santo, ao atual vice-governador, Ricardo Ferraço, também do PMDB.

Tudo em nome do casamento de papel passado com o PMDB para garantir maior tempo de TV na propaganda eleitoral e apoio no Congresso, em caso de vitória de Dilma.