Por Adriano Oliveira – Professor do Departamento de Ciência Política da UFPE.

O principal desafio de José Serra é mostrar ao eleitor que pode dar continuidade as conquistas do governo Lula.

A ótica do eleitor é de que o presidente Lula contribuiu decisivamente para o seu bem estar econômico.

O raciocínio considera uma linha de tempo menor, em vez do contrário.

Para o eleitor as suas conquistas econômicas são recentes.

Friso que FHC contribuiu para o bom governo de Lula.

Mas o eleitor não pensa assim.

O eleitor tem ciência de que o crédito expandiu no governo Lula.

Ele não reconhece que isto foi possível graças à estabilidade advinda do Plano Real.

O eleitor reconhece que o atual presidente tem preocupação com o social, já que ampliou o Bolsa Família e criou o Prouni.

Reconhecimento correto!

Pois estas ações foram da responsabilidade absoluta de Lula.

Porém, a ampliação dos gast os sociais deve-se, em parte, as conquistas econômicas obtidas no governo FHC.

Mas, vamos esquecer isto!

Pois o eleitor está preocupado com o presente e com o que virá no futuro.

As conquistas do presente são representadas por Lula.

A comunicação política do PT tentará mostrar que Dilma também represente este presente.

E mais: representa o futuro, ou melhor, a continuidade do governo Lula.

Se a vida tá boa, para que mudar?

Apostar no incerto?

E mais: e Serra não foi um competente ministro de FHC?

Diante destas indagações, o eleitor poderá optar por Dilma.

Por isto, José Serra tem um imenso desafio.

Ele precisa mostrar que é a novidade.

Mas não é!

Ele precisa mostrar que é mais competente do que Dilma.

Isto é possível, apesar de Dilma poder ser apresentada também deste modo.

Serra precisa dizer ao eleitor que as conquistas do atual governo continuarão. É possível isto?

Este é o problema.

Pois o eleitor dirá: é mais confiável continuar com o PT, Dilma, ou apostar no candidato que já disputou à presidência com Lula?

PS: Oliveira é Professor Adjunto do Departamento de Ciência Política (UFPE)Coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral(UFPE)