Os presidentes das federações de indústrias dos estados condenaram como eleitoreira, em reunião de diretoria da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília, nesta terça-feira, a possibilidade de votação, no plenário da Câmara dos Deputados, da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que reduz a jornada de trabalho.
Liderados pelo presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, os dirigentes da indústria estão visitaram as lideranças dos partidos políticos na Câmara para argumentar ser inoportuna, numa conjuntura de recuperação da indústria e do emprego, como a atual, a votação da PEC que reduz a jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais e eleva o valor da hora extra.
Segundo eles, a medida elevará os custos e diminuirá a competitividade das empresas, além de ampliar a informalidade.
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Paulo Skaf, “como estamos em ano eleitoral, há uma confusão sobre o verdadeiro interesse de se reduzir a jornada”.
Segundo ele, a jornada média brasileira já é de 41 horas semanais. “Se houver imposição de redução da jornada, setores intensivos de mão-de-obra, como têxtil e calçados, e empresas de menor porte, vão ser muito prejudicados.
A PEC, em vez de gerar empregos, pode gerar desemprego”, assinalou Skaf. “O momento para votar esta PEC é absolutamente inoportuno.
Colocar em votação agora é uma demonstração clara de posicionamento político, criando-se uma fronteira de indecisão entre os deputados”, avaliou o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Roberto Macedo.
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE), Jorge Côrte Real, existe “açodamento” na votação da PEC. “A votação é inoportuna, primeiro por se tratar de um ano político e o tema fica contaminado.
Depois, porque a redução da jornada não implica automaticamente na geração de emprego”, destacou.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (FINDES), Lucas Izoton, disse que a PEC “trata os diferentes de forma igual”, prejudicando as micro e pequenas empresas, que representam 60% do emprego formal e podem não sobreviver à imposição legal. “Não é sensato obrigar a redução da jornada independente das diferenças das empresas”, enfatizou.
De acordo com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), Alcântaro Correa, haverá desemprego e aumento da informalidade com a PEC da redução da jornada, porque a indústria, para reduzir custos, intensificará a automação. “Está provado que a experiência da redução da jornada não trouxe aumento do emprego na França, Alemanha e Itália”, acrescentou.