Duas investigações bloqueadas na Polícia Civil de Brasília e recém-assumidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público podem selar o destino do governador em exercício do Distrito Federal, Paulo Octávio, personagem do “mensalão do DEM” ao lado do governador afastado José Roberto Arruda, preso desde o dia 11.

Uma delas, batizada de Operação Tucunaré, apura um intrincado esquema de distribuição de dinheiro que envolve empresas de fachada sediadas em Brasília e tem como alvo o policial aposentado Marcelo Toledo, homem de confiança de Paulo Octávio.

A outra investigação, conhecida como Operação Tellus, apura um suposto esquema de cobrança de propina na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal, quando o titular da pasta era o próprio Paulo Octávio.

Além de enredar Arruda e seu vice em novas transações suspeitas, as investigações demonstram como a dupla usava o poder para abafar, na Polícia Civil do DF, os inquéritos que poderiam atingi-los.

Os delegados encarregados de tocar tanto a Tellus como a Tucunaré foram exonerados das funções comissionadas que ocupavam.

A Tucunaré, que começou modesta em 2009, mirando suspeitos de estelionato, acabou por desaguar em um esquema milionário.

Agora, os investigadores suspeitam de ligação com o mensalão do PT.

O grosso das somas sacadas no caixa em agências bancárias de Brasília viria da Euro DTVM e Royster Serviços, empresas investigadas no escândalo petista.

O inquérito da Operação Tucunaré, hoje a cargo da PF e do Ministério Público Federal, aponta para a existência de uma rede de corrupção com tentáculos na política local e nacional.

Descobriu-se um esquema de desvio de dinheiro de fundos de pensão de estatais federais e empresas do governo do DF.

DESTINATÁRIOS Investigadores disseram ao Estado já ter detalhes de como empresas que lucram somas vultosas em negócios com os fundos alimentam suposto esquema de distribuição de dinheiro.

Políticos e dirigentes dos fundos são os destinatários da propina, apontam os autos.

Operações de pelo menos três fundos - dois de estatais federais e um de empresa pública do Distrito Federal - fazem parte do inquérito.

O Estado teve acesso a documentos da investigação que listam 12 empresas desconhecidas, muitas delas de fachada, que receberiam o dinheiro remetido, em sua maior parte, pela Euro DTVM e pela Royster Serviços.

A Royster tem como proprietário o doleiro paulista Lúcio Bolonha Funaro, conhecido no mensalão do PT por intermediar pagamentos a políticos aliados do Planalto.

Outra empresa que abasteceria o esquema é a Toesa Service, que ganhou contratos importantes no governo Arruda.

De acordo com o inquérito, das empresas de fachada que recebiam os depósitos, as que mais se destacam, pelo valor das transações, são a Matriz Construções Ltda. e a Center Comércio e Consultoria.

De maio de 2007 a março de 2008, a Center movimentou R$ 15 milhões.

A Matriz sacou R$ 5,3 milhões de maio a dezembro de 2007.

Outro personagem da recente crônica policial brasiliense aparece como responsável pelos saques do dinheiro.

Trata-se do doleiro Fayed Antoine Traboulsi, investigado em escândalos de corrupção no governo Joaquim Roriz (PSC).

De acordo com a polícia, Fayed é quem administra a distribuição do dinheiro.

Um irmão dele, Louis, era quem quase sempre fazia os saques.

As idas às agências foram monitoradas.

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