Na Época “Você acha que sou um poste?” Dilma rousseff já fala como candidata à presidência.
Falou pela primeira vez numa entrevista a ÉPOCA, concedida na última quinta-feira, dia de abertura do Congresso do PT que a aclamou como o nome do partido para disputar a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Escolhida candidata por Lula, Dilma se apresenta como a melhor alternativa para dar continuidade aos projetos do atual governo.
E faz questão de rebater a acusação dos adversários de que seja apenas um títere do presidente: “Duvido.
Duvido que os grandes experientes em gestão tenham o nível de experiência que eu tenho.
Duvido”.
Mas, questionada sobre a possibilidade da volta de Lula em 2014, Dilma aceita a hipótese. “Sem sombra de dúvida, ele pode.
O presidente chegou a um ponto de liderança pessoal, política, nacional e internacional que o futuro dele é o que ele quiser”, diz a ministra-chefe da Casa Civil – posto de Dilma até 2 de abril, quando deverá deixar o cargo para disputar as eleições presidenciais. ÉPOCA – O que qualifica a senhora para ser presidente da República?
Dilma Rousseff – O governo Lula deu um passo gigantesco.
Construiu um alicerce em cima do qual você pode estruturar a transformação de que o Brasil precisa.
A partir de 2005, o presidente me deu a imensa oportunidade de coordenar o segundo governo dele.
Estávamos enfrentando uma crise muito forte (o escândalo do mensalão) e uma disputa que tentava inviabilizar o governo.
Ainda não tínhamos conseguido implantar a estabilidade de forma definitiva.
A inflação e as contas públicas estavam sob controle, mas o crescimento ainda era baixo.
As reservas também.
Aí o investimento entrou na ordem do dia, e modificamos o jogo no segundo mandato do governo Lula.
Tive a oportunidade de entrar exatamente nessa grande crise. ÉPOCA – A oposição tem comparado sua candidatura à de um poste.
O que a senhora acha dessa comparação?
Dilma – Você acha que, como ministra-chefe da Casa Civil, eu sou um poste? ÉPOCA – Provavelmente quem diz isso acha que sim.
Dilma – Duvido.
Duvido que os grandes experientes em gestão tenham o nível de experiência que eu tenho.
Duvido. ÉPOCA – A senhora tem esperança de que o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) desista de se candidatar a presidente?
Dilma – Para mim, seria muito bom que ele estivesse em meu palanque.
Mas, seja qual for a decisão dele, vamos respeitar porque ele é do nosso campo.
Ciro é uma pessoa especial.
Foi um companheiro de governo e participou com a gente dos momentos mais difíceis quando, em 2005, o governo estava sofrendo um certo cerco.
Quero estar com ele no mesmo palanque, mas não é a minha preferência que vai informar o que o deputado Ciro Gomes vai fazer.