Por Castelo Branco (jacn45@gmail.com) Brasília volta aos anos 80.
Esse é o resultado mais evidente da crise que culmina hoje com a inédita prisão de um governador em exercício, no caso José Roberto Arruda, denunciado por um ex-secretário e filmado quando recebia dinheiro de origem duvidosa e não declarada.
A inviabilidade política e eleitoral de Arruda o surpreende, contraditoriamente, num momento em que as avaliações de sua gestão ascendiam a patamares muito acima da média de aprovação de seus antecessores.
A capital federal, de fato, está muito bem cuidada, com obras estruturadoras de grande importância, ruas e avenidas limpas, acessos viários em permanente manutenção, alargamento de eixos, jardins e parques verdinhos e convidativos, flores, e belas árvores.
A natureza está fazendo também a parte dela, com chuvas providenciais que sustentam o frio do meio do ano e amenizam a secura do ar dos julhos e agostos.
Sem governador e sem grande parte dos integrantes de sua Câmara Distrital banidos pela opinião pública pelos mesmos motivos, a questão sucessória toma outro rumo no Distrito Federal.
As pesquisas publicadas nos últimos dois meses apontam que, graças ao acidente de percurso de Arruda, o seu arqui-adversário Joaquim Roriz ganha as preferências eleitorais.
No século passado Roriz notabilizou-se por um estilo populista que teria promovido uma ocupação desordenada do solo no entorno do Plano Piloto e uma enorme confusão urbana na capital.
Mas ele continua dono de uma larga maioria entre as classes menos favorecidas e com reais chances de ganha se puder disputar as eleições.
Sucessor de Roriz no comando do governo do DF e de largo conceito entre a elite brasiliense, o senador Cristovam Buarque, que foi reitor da UNB na década de 80, surge no meio dessa tempestade como uma alternativa capaz de ir ao ringue pelo resgate dos anos dourados de sua gestão.
Se Cristovam conseguir superar os desafetos com as correntes petistas que também querem abocanhar o governo de Brasília, se seus adeptos construírem uma campanha inteligente e à altura da dimensão que ele emprestou ao seu governo, é possível que uma virada de expectativas venha a ser detectada pelas pesquisas.
Enquanto isso o vice-governador Paulo Octavio, do DEM, um mega empresário de êxito em Brasília, tem o nome considerado pela cúpula de seu partido e não seria novidade se o nome dele viesse a ganhar o consenso para representar o partido em outubro.