Do estadao.com.br Mais novo personagem da suposta espionagem contra deputados de oposição ao governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), o policial Silveira Alves de Moura, 42 anos, admitiu ontem, em entrevista ao Estado, ter intermediado a contratação dos dois agentes da Polícia Civil de Goiás suspeitos de fazer a arapongagem.
Presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Goiás, Silveira afirma que foi procurado em janeiro por Francisco do Nascimento Monteiro, ex-assessor especial do governo de Arruda, para que indicasse os agentes.
Na ocasião, diz ele, Monteiro afirmou que o serviço seria para o governo do DF.
Silveira prestou depoimento ontem, por mais de quatro horas, na Delegacia de Combate ao Crime Organizado da Polícia Civil de Brasília, que investiga o caso.
Ao Estado, ele contou que, nos primeiros contatos, Francisco Monteiro lhe disse que precisava de policiais que pudessem analisar os vídeos que deram origem ao escândalo de corrupção na administração Arruda.
Estava interessado em identificar eventuais indícios de montagem. “Ele dizia que era um serviço para o governo do Distrito Federal, que estaria preocupado e precisava saber se havia algum problema naquelas imagens”, conta.
Atendendo ao pedido de Monteiro, Silveira então indicou o policial civil goiano Luiz Henrique Ferreira, conhecido entre os colegas por prestar serviços de “consultoria” na área de inteligência.
Luiz Henrique, o agente indicado pelo sindicalista Silveira, acabou detido quarta-feira passada, sob suspeita de fazer escuta ilegal em gabinetes de deputados de oposição a Arruda.
Com ele, foi preso outro policial civil goiano, José Henrique Daris Cordeiro.
Os dois, lotados na Delegacia de Narcóticos de Goiânia, foram liberados após prestar depoimento.
Com eles foram apreendidos equipamentos de gravação.
ENCONTROS Silveira contou ter participado de vários encontros entre Francisco Monteiro, o ex-assessor do governo, e o policial Luiz Henrique Ferreira.
Numa das reuniões, Monteiro teria apresentado a Luiz Henrique fotografias em que a ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal Estefânia Viveiros aparece em encontro com Durval Barbosa ? o ex-secretário de Arruda que se transformou em personagem-chave do escândalo, ao gravar e entregar às autoridades as imagens de pagamento de propina.
Estefânia Viveiros, que antes de deixar a presidência da OAB, no fim de 2009, liderou um movimento pelo impeachment de Arruda, diz que as fotos são “claramente fraudadas” e atribui a montagem a auxiliares de Arruda, que estariam interessados em atingir sua imagem.
Semana passada, ela levou o caso à Polícia Federal.
A ex-presidente da OAB está sob proteção de agentes federais.
A assessoria de imprensa de Arruda nega que o governador tenha encomendado a arapongagem.