Por Augusto Coutinho Fernando Henrique Cardoso publicou um artigo corajoso nesse fim de semana.

De forma clara, o ex-presidente encarou a sanha petista e disse o que é a mais pura verdade.

O petismo quer por que quer “vender” para os brasileiros na eleição deste ano a ideia de que tudo que o que foi feito de bom no Brasil é obra de Lula.

Em meio a essa euforia um tanto alucinante, a estratégia montada pelo presidente e seus asseclas é tentar transformar o pleito numa espécie de plebiscito.

Acham que podem apagar o passado e supervalorizar o presente.

O foco é comparar as “realizações” do governo Lula com as da gestão anterior.

Para eles, isso seria igual a mostrar as diferenças entre o deserto e o oásis.

Fernando Henrique, o passado que eles querem usar como parâmetro, a história que eles querem desfazer, não se intimidou.

Logo no início do seu artigo pontua como muita propriedade que Lula “para ganhar sua guerra imaginária distorce o ocorrido no governo do antecessor, autoglorifica-se na comparação e sugere que se a oposição ganhar será o caos”.

Bravatas, como diz o ex-presidente.

Muito se fez durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso e Lula só consegue se achar o “cara” porque pegou um país pronto para o crescimento.

Não é à toa que manteve quase integralmente a política econômica de FHC.

O artigo está disponível e pode ser lido aqui mesmo no Blog de Jamildo.

Portanto, não vou repetir os diversos dados e argumentos utilizados.

Mas dois são emblemáticos.

O primeiro é a falácia terrorista das privatizações como sendo o maior crime da história deste país.

Quem tem um celular – quase todo mundo – ou dois, ou três, sabe muito bem que não foi assim.

Ao contrário, a privatização e a concorrência franca dela resultante permitiram que o sistema atingisse hoje quase a totalidade da população.

O segundo argumento enviesado é a quebra do monopólio da Petrobrás.

Aí, FHC chama em defesa um ex-presidente da empresa, da gestão Lula, atual presidente do PT, José Eduardo Dutra.

Cita: “Se eu voltar ao parlamento e tiver uma emenda propondo a situação anterior (monopólio), voto contra.

Quando foi quebrado o monopólio, a Petrobrás produzia 600 mil barris por dia e tinha R$ 6 milhões de barris de reserva.

Dez anos depois produz 1,8 milhão por dia, tem reservas de 13 bilhões.

Venceu a realidade, que muitas vezes é bem diferente da idealização que a gente faz dela”.

Pois é, o presidente do PT sabe disso, mas o presidente da república adora fingir que não.

Acho natural, o alto teor autoritário do lulismo bebe diretamente na cartilha das grandes ditaduras – vide Stálin – de querer apagar, às vezes literalmente, o passado.

Não dá.

Aqui em Pernambuco as coisas parecem que caminham na mesma trilha.

O governo Eduardo Campos também acha que inventou o estado.

Esquecem os atuais governistas de coisas que nem o mais desmemoriado ser vivo teria coragem de esquecer.

Aí, refinaria, estaleiro, atração de grandes empresas, tudo isso entra na conta da atual gestão.

Também não dá.

O governo anterior fez muito e tanto que é por causa dele que Pernambuco hoje é um estado em pleno crescimento.

Se a grande estratégia, tanto lá como cá, for realmente a comparação, tanto melhor.

Como disse Fernando Henrique, “se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextulizar, a briga é boa.

Nada a temer”.

Nada mesmo, podem ficar certos.

Deputado Augusto Coutinho (DEM), líder da oposição na Alepe.