Por Chico Bruno, blogueiro Retalhos carnavalescos e políticos do Siri na Lata Corria o ano de 1976.

O general Ernesto Geisel era o quarto ditador de plantão.

A ditadura entristecia o país.

Nem o Carnaval escapava.

No Recife, um grupo de jornalistas, artistas, publicitários, intelectuais e boêmios decidiu romper as amarras que imobilizavam a maior festa popular de Pernambuco.

Assim surgiu o Bloco Anárquico Armorial Siri na Lata.

Desorganizado, sem comando e sem rabo preso.

Tanto que o 1º frevo do Siri, “Xixi das Anas”, composto por Zé Rocha e Amin Stepple em determinado trecho diz: “…

De tão dura ninguém atura Ditadura ninguém atura Lugar de cavalo é no quartel Vou transformar o forte num motel …” Confirmando a tradição, a política comandou o 31º Baile do Siri na Lata, sexta-feira (5), no Clube Português, sob o comando de Ricardo Carvalho e Paulo Braz com o tema “O Brasil é um circo”.

O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) comandou um dos camarotes mais concorridos, repleto de políticos de oposição.

Jarbas não dispensou um dedo de prosa sobre o momento político.

Ele está desencantado com a quadra política.

Para ele, nos quase oito anos de Lula, as instituições públicas perderam a ética e moral pela permissividade das atitudes do presidente, que jogou no lixo a bandeira da ética e se aliou ao que pior existe na política brasileira.

Jarbas também se queixa da falta de unidade da oposição, com cada um atirando para um lado.

Citou a entrevista do companheiro senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) a Veja como um exemplo do salve-se quem puder em que se encontra a oposição a Lula.

Lembrou que a única vez em que houve a unidade da oposição o governo foi derrotado.

Ele se referia à votação da CPMF.

Sobre a possibilidade de vir a ser candidato ao governo de Pernambuco, Jarbas não demonstra a mínima vontade de sê-lo, apesar da pilha de seus liderados e dos aliados do PSDB.

Durante a prosa com Jarbas, encarnando o clima carnavalesco, foi sugerido que ele lançasse a candidatura da deputada estadual Terezinha Nunes ao governo.

Jarbas sorriu e disse “é uma boa, assim ela para de cobrar minha candidatura ao governo”.

Pela prosa, fica a impressão que o senador Jarbas não deseja ser o adversário de Eduardo Campos, principalmente, por que durante o papo, ele afirmou que na trincheira do Senado ele poderá ser mais útil a Serra do que disputando o governo de Pernambuco.

Pelo visto, o nome de Terezinha pode decolar do Siri na Lata e pousar no palanque da oposição.

Seria uma candidatura que causaria uma grande surpresa no campo governista pernambucano.

Estrada para ser candidata ela tem, pois acompanha Jarbas desde o primeiro mandato de prefeito nos anos 90.