Em 2009, queda na produção foi de 7,4%, a maior desde 90, mas recuperação já começou No Globo O ano de 2009 fechou com uma queda na produção industrial de 7,4%, maior retração desde 1990.

Ainda que o resultado remeta a um dos piores desempenhos das duas últimas décadas — quando o país registrou uma desaceleração industrial de 8,9% — o resultado não surpreendeu o mercado.

E também não está sendo visto como um sinal de reversão da tendência de recuperação dos indicadores.

Nos dois últimos trimestres, por exemplo, todos os setores da indústria reagiram.

Há um consenso entre analistas de bancos e economistas de que a queda é resultado de uma acomodação frente à suspensão gradual dos incentivos fiscais dados à indústria e que começaram a ser retirados no fim do ano passado. É a queda registrada de 4,9% na produção de bens duráveis em dezembro contra novembro que sinaliza, na opinião do economista Elson Teles, da Concórdia Corretora, o impacto que causou a retirada gradual dos incentivos fiscais no resultado geral da indústria em 2009.

No ano passado, a produção de bens duráveis despencou 6,4%: — O investimento está se recuperando, mas ainda não recompensa o pico de produção registrado no período pré-crise, que foi brutal para a indústria.

A desaceleração da produção industrial de 2009 só não foi pior do que o desempenho registrado no ano em que o então presidente Fernando Collor de Mello confiscou a poupança e, com esta decisão, desestabilizou a economia nacional.

Apesar de todos os estímulos dados a indústria pelo governo ao adotar uma política anticíclica voltada para o mercado interno, o país ainda não recuperou os patamares de produção industrial do período pré-crise.

A coordenadora da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), que foi divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Isabella Nunes, confirma que a retração, com a crise global, foi geral em diferentes países do mundo, mas que o Brasil está convivendo com um movimento de recuperação, com uma retomada consistente, com qualidade e a retomada dos investimentos.

O economista Felipe França, do Banco ABC, concorda que o resultado da indústria em 2009 e, especialmente, o desempenho registrado no mês de dezembro (-0,3% contra novembro) não alteraram o ritmo de recuperação da economia brasileira, iniciado no segundo trimestre do ano passado.

Apenas no primeiro trimestre do ano passado é que a indústria fechou em queda de 6,5%.

Nos três trimestres seguintes, só resultados positivos: 4,2%, 4,7% e 3,6%, respectivamente.