Se estiver apenas desgovernado, Ciro está apenas exalando ódio contra Zé Dirceu.

Caso fale pela boca de Eduardo Campos, pode significar que o governador Pernambucano já precificou a derrota de Dilma e busca compor-se com os tucanos por meio de Aécio Neves, que mantém sociedade com o PSB no projeto político de Minas Gerais.

Mesmo que consiga reeleger-se, o que parece fácil hoje, o governador Eduardo Campos não pode ficar no sereno quatro anos junto ao governo Federal e Aécio é seu amigo pessoal.

Veja o que escreveu hoje Fernando Rodrigues, na Folha de São Paulo O PSB, partido de Ciro, só tem a ganhar com a manutenção da candidatura própria a presidente.

Terá mais chance de eleger governadores, senadores e deputados.

Pode sair maior das urnas.

Os socialistas herdeiros de Miguel Arraes até poderiam abrir mão desse projeto.

O enrosco é a falta de contrapartida.

Na oração do PT, só há espaço para o “venha a nós”, e nada para o “vosso reino”.

Tal como está formatada, a coalizão petista é um ativo tóxico para o PSB.

Eis os detalhes da proposta lulista: 1) Sacrifício: Ciro Gomes desiste de disputar o Planalto.

Apoia Dilma Rousseff.

De quebra, o PSB aceita enfrentar calado a oposição do PT em alguns Estados; 2) Missão: o PSB despacha Ciro para São Paulo para perder a eleição para o Palácio dos Bandeirantes.

Ex-candidato a presidente duas vezes, dono de mais de 10% nas pesquisas nacionais e o primeiro a aderir incondicionalmente a Lula no segundo turno de 2002, Ciro também teria de servir de boca de aluguel do PT: passaria a campanha vituperando contra o PSDB em solo paulista, pois os petistas de modos atucanados como Aloizio Mercadante, Marta Suplicy e Antonio Palocci fazem de tudo, menos se indispor com José Serra; 3) Prêmio: nenhum.

O PSB fica de mãos abanando e se dando por feliz com ministérios de segunda classe e sem expressão política.

Assim é o tipo de aliança oferecida pelo PT. É também um prenúncio da voracidade e da hegemonia petista a partir de 2011 se o grupo de Lula vencer a disputa em outubro.