Por Terezinha Nunes Acostumado a fazer blague de assuntos pouco sérios mas dos muito sérios também, o presidente Lula anunciou, antes de adoecer, que iria a Davos, na Suíça, para o Fórum Econômico Mundial, dizer que um torneiro mecânico - ele, evidentemente - abriu mais escolas técnicas e Universidades no Brasil do que todos os outros presidentes.

Para quem não cursou o nível superior porque não quis - seu colega, Vicentinho, torneiro como ele, conseguiu seu diploma - Lula dá provas, cada vez maiores, de que não gosta e nem trabalha o suficiente pela educação.

Embora, como no caso acima, use a educação em proveito próprio.

Para dizer que ele, mesmo não tendo estudado, é um grande presidente, o que não deixa de ser um mal exemplo para a juventude.

A prova maior do pouco caso que o presidente faz da educação está expressa nos números que começam a ser revelados sobre o estado em que se encontram o ensino médio e fundamental do país, na era Lula.

E quem revelaesses números é um órgão de respeito internacional: a Unesco.

Em relatório que batizou de “Alcançando os marginalizados” a Unesco afirmou recentemente que o Brasil é o país da América Latina que tem maior índice de repetência nas escolas.

Em 2007, segundo a Unesco, 19% dos alunos matriculados nas escolas de ensino fundamental do Brasil eram repetentes, ou seja, estavam repetindo o ano porque não conseguiram aprovação.

Nos demais países latino-americanos e caribenhos o percentual de repetentes no mesmo ano era de apenas 4%.

A entidade, que monitora os avanços mundiais na tentativa de atingir os objetivos do Educação para Todos - fixados por cerca de 160 países em 2000, no Senegal, afirmou ainda em seu relatório que o Brasil é o 12º no ranking dos países que têm mais crianças fora da escola.

Em 2007 estavam nessa situação 901 mil crianças entre os 7 e os 10 anos.

E variava entre 36 e 58% o percentual de alunos do ensino fundamental sem capacidade de entender o que estavam lendo.

Não é de admirar, portanto, oresultado do estudo publicado, também recentemente, pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) demonstrando que aumentou de 7% em 1987 para 20% em 2007 o índice de desemprego dos jovens brasileiros com idade entre os 16 e 20 anos.

Segundo o Ipea, em 2007, 19,8% dos jovens nem trabalhavam e nem estudavam.

E chegavam a ocupar o preocupante percentual de 60,74% do total de desempregados do Brasil.

Sem estudo, sem emprego e sem esperança, o que espera um jovem pobre no Brasil?

Esta pergunta, que parece não causar preocupação, é respondida pelo presidente do Ipea, Marcio Porchmann que afirma ter havido nos últimos anos uma inflexão no mercado de trabalho para os jovens.

Ou seja, além de não conseguirem empregos suficientes, os jovens foram sendo substituídos pelos mais velhos.

Para o Ipea fenômenos como as altas taxas de evasão escolar - provocadas pela repetência - índices alarmantes de morte precoce ou a reprodução de desigualdades centenárias entre as novas gerações confirmam uma trajetória irregular e de fracassos na faixa etária entre 15 e 29 anos.

Diante de um quadro tão desanimador, o que pode representar o ufanismo Lulista em torno do número de escolas técnicas e universidades?

Claro que quanto mais escolas técnicas e universidades melhor, sobretudo se elas têm qualidade, mas e os que ficam para trás?

Estes continuam sem vez e foram completamente deixados de lado por Lula até agora.

PS: Terezinha Nunes é deputada estadual do PSDB