Por Cecília Ramos, de Política / JC cecilia.ramos@jc.com.br A primeira visita do presidente Lula a Pernambuco, este ano, ocorre hoje sob um forte tom político-eleitoral.

Seja porque Lula tem investido, antecipadamente e sem cerimônia, na postura de cabo eleitoral da sua presidenciável – a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef (PT) –, seja porque o prazo para a montagem do palanque dela está se afunilando ou ainda porque aqui Lula tem um adversário nacional peculiar, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), provável concorrente do governador Eduardo Campos (PSB) na eleição de outubro.

O presidente tem confidenciado que deseja atuar na eleição local “com gosto” pelo embate com Jarbas, um dos seus maiores críticos no Senado.

O presidente, Dilma e mais quatro ministros, além do governador da Bahia, Jacques Wagner (PT), chegam ao Recife às 13h30 (veja arte).

São três compromissos no Estado, sendo o último, até então um “despretensioso” jantar no Palácio das Princesas, o que causa maior expectativa no meio político.

Lula e Eduardo conversarão sobre o futuro do presidenciável socialista Ciro Gomes.

E especula-se que o petista venha com pesquisa de intenção de voto para tentar convencer Eduardo de que Ciro fará melhor a Dilma sendo candidato ao governo de São Paulo.

O desempenho do deputado seria ínfimo em Pernambuco, um dos principais colégios eleitorais do Nordeste.

Eduardo, porém, duvida que o próprio Ciro encare a disputa paulista.

O PT tem pressionado o PSB a antecipar essa decisão, mas os socialistas resistem e mantêm o projeto presidencial de Ciro.

Ontem, Eduardo disse que não tinha conseguido falar com o deputado do seu partido, mas Ciro já teria retornado das férias na Europa. “Se Lula quer conversar sobre isso, ok, vamos conversar.

Só ele pode mudar os prazos”, comentou o governador, que tentará arrastar a decisão para março.

Na segunda-feira (25), Eduardo declarou que não aceitará interferência de “outros dirigentes nas decisões que só cabem ao PSB tomar”.

E anunciou a pré-candidatura do presidente da Fiesp, Paulo Skaf (PSB), ao governo de São Paulo.

Na sequência, o presidente do PT-SP, Edinho Silva, criticou Skaf e indiretamente o PSB (leia matéria nesta página).

Apesar das rusgas entre PT e PSB, lideranças dos dois partidos continuarão tentando demonstrar unidade em nome do poder.

E é o que deve se ver hoje.

Lula, Dilma e Eduardo discursarão em dois eventos.

O primeiro, às 14h30, na inauguração da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Paulista, onde é esperado maior público e presença popular.

A data da abertura dessa UPA foi modificada para ter a presença do presidente.

Trata-se de unidade hospitalar que custou R$ 4 milhões.

Lula percorrerá a UPA, que tem 18 leitos de enfermaria, sete consultórios e salas de raio-x e inalação coletiva.

O segundo evento com palanque é a cerimônia religiosa do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, na Sinagoga Kahal Zur Israel.

A primeira parte do evento é fechada para 140 convidados.

Os demais (inclusive a imprensa) acompanharão do lado de fora, por telão.

O estafe da Presidência da República resolveu, ontem, “cortar” da programação duas visitas a exposições no Minc (Ministério da Cultura) e no Banco Safra, próximos à sinagoga, mas que fariam Lula caminhar na rua.