O jornalista e escritor Ben Abraham nasceu na Polônia em 1924 e sobreviveu aos campos de concentração durante a ocupação alemã em seu país.
O judeu tinha 14 anos quando começou a guerra em 1939.
Passou cinco anos e meio nos campos nazistas.
Foi libertado aos 20 anos, pesando 28 quilos, com tuberculose, escorbuto e disenteria com sangue.
Apesar das lembranças tristes, o escritor tem a simpatia, a leveza e sabedoria de quem luta por algo em que realmente acredita, no seu caso, a conquista de uma história de paz.
Ele afirma que tirou parte da sua força para lutar porque prometeu a si mesmo que precisaria ficar para contar tudo depois que acabasse a guerra. “As lembranças são muito tristes, presenciei enforcamento em massa, fuzilamentos, torturas e fui torturado.
Você não pode imaginar todas as coisas ruins que aconteceram nessa época.
Pessoas na frente das câmaras de gás… despidas… da chaminé do crematório de Auschwitz jorrando fumaça junto com fogo.
Eu sentia nas minhas narinas o cheiro de carne queimada…
Passei tudo isso, preso, cercado por arame farpado eletrificado. À noite, quando saíamos, víamos muito gente se jogar em cima da cerca, se suicidar.
Agora eu estou aqui… para contar… para lembrar”.
Ele está no Recife para participar da cerimônia oficial da Confederação Israelita do Brasil pelo Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, que neste ano de 2010 acontece no Recife, na quarta (27), com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Realizada em anos anteriores em São Paulo e no Rio de Janeiro, a cerimônia vai ocorrer na Sinagoga Kahal Zur Israel, por sugestão do próprio Lula ao presidente da CONIB, Claudio Lottenberg.
Em 2005, a ONU instituiu o dia 27 de janeiro como o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, como uma homenagem a ser realizada na data em que tropas soviéticas libertaram o campo de extermínio de Auschwitz, Polônia, no ano de 1945.
Já as exposições “Desenhos das Crianças de Terezín” e “Anne Frank - Uma História para Hoje”, que serão inauguradas também no dia 27, fazem parte de uma iniciativa ainda mais abrangente, o projeto “Paralelos”.
O objetivo da iniciativa é difundir a cultura da paz e uma nova forma de conviver com as diferenças.
O projeto é composto por duas fases, a primeira contempla a realização das duas exposições, que permanecerão no Recife até o mês de março.
A segunda fase, com data ainda a ser definida, terá mostra de filmes e ciclo de palestras, unindo a sociedade num debate que estará acontecendo, ao mesmo tempo, em diversos bairros da periferia, universidades, escolas, bibliotecas, etc.