(Foto: Alexandro Auler / JC Imagem) Por Chico Ludermir, especial para o Blog de Jamildo chico_lf@hotmail.com A história de Mirian e Ben Abraham está longe de ter começado de forma alegre.
Os dois poloneses se conheceram no Brasil depois de terem sobrevivido aos anos da guerra, quando a Polônia estava dominada pelos nazistas.
O escritor e sua mulher estiveram na tarde de hoje (26) em coletiva que deu início às cerimônias em memória das vítimas do Holocausto que acontecerá amanhã com a presença do presidente Lula, na primeira Sinagoga das Américas, a Kahal Zur Israel, fundada no século XVII.
Na Rua do Bom Jesus, Antiga Rua dos Judeus, o casal narrou de forma detalhada e com bastante emoção vivências do período em que foram persegidos.
Ben Abraham escreveu seis livros, nos quais relata as histórias tristes dos cinco campos de concentração pelos quais passou, dentre eles Auschwitz.
Estão marcadas em sua memória as cenas tristes de compatriotas servindo como metas para o tiro ao alvo dos nazistas, e de sua mãe que seguiu para a morte na sua frente.
Mirian Ben Abraham, por sua vez, contou dos guetos, onde era identificada com braceletes brancos e estrelas de Davi azuis.
Com os olhos marejados, narra a fome e o frio que se passava em acomodações sem aquecimento.
Quando a perseguição nazi-fascista aumentou, ela e sua família decidiram se esconder na floresta onde se cobriam com folhas e se escondiam até de crianças que iam buscar frutas na mata.
Em uma das vezes em que foi esmolar comida, uma senhora resolveu adotá-la. “Isso era melhor do que ganhar na loteria na época” diz Miriam.
Logo em seguida toda sua família foi encontrada morta na floresta.
Foi no Brasil que os dois se conheceram.
Moradores do bairro do Bom Retiro, em São Paulo resumem: “conversa vai, conversa vem, casamos…”.
Longe de ter tido um bom começo, a história dos dois parece estar caminhando para um final feliz: há 54 anos casados, dois filhos, quatro netos, Miram e Ben Abraham se dizem felizes depois de tudo.
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