Obama, Dilma e tia Clélia Por Diogo Mainardi Barack Obama só durou um ano.

Ele ia mudar tudo.

Qual foi o resultado?

Os americanos endireitaram.

O maior sinal disso ocorreu na semana passada, quando a candidata democrata em Massachusetts, um dos maiores currais eleitorais do partido, foi derrotada por um republicano.

Ele tomou a cadeira no Senado que por mais de quarenta anos pertenceu a Ted Kennedy, prometendo opor-se à reforma do sistema de saúde proposta por Barack Obama.

O sistema de saúde americano pode ser perdulário.

Ele pode criar desigualdades.

Mas é melhor do que morrer num corredor do SUS.

O regressismo terceiro-mundista, que no último ano acometeu os Estados Unidos, foi detido.

Chega de rombo fiscal.

Chega de estatizar companhias falidas.

Chega de financiar montadoras de carros.

Chega de pacotes para o setor público.

Chega de aumentar os impostos das empresas poluidoras.

Chega de multilateralismo.

Depois da posse de Barack Obama, até Lula se sentiu legitimado a teorizar sobre o capitalismo americano.

Ele mesmo: Lula.

A surra que os republicanos deram nos democratas, em Massachusetts, poderá conter o bolor bananista.

Chega de Lula teorizando sobre o capitalismo americano.

Quando os Estados Unidos bandearam para a direita, nós também bandeamos.

Melhor para nós.

O programa eleitoral de Barack Obama, comemorado em todos os cantos do planeta, já foi enterrado.

O aquecimento global é tratado com chacota.

A temperatura média nos Estados Unidos diminuiu na última década: o maior poluidor do mundo está esfriando.

No Haiti, os americanos atropelaram a ONU e militarizaram as áreas arrasadas pelo terremoto, salvando centenas de milhares de pessoas.

O corpo de fuzileiros navais dos Estados Unidos é mais útil do que qualquer ONG.

Até na América Latina a esquerda está encrencada.

Hugo Chávez deflagrou uma guerra contra o PlayStation.

E Lula está sendo apagado da memória.

A média de espectadores de Lula, o Filho do Brasil foi menor do que a dos jogos do Macaé.

Dilma Rousseff, sua candidata presidencial, está destinada à derrota.

Porque ela, como Lula, personifica o passado.

De fato, ela se assemelha cada dia mais à minha tia Clélia: Quanto tempo Dilma Rousseff ainda poderá durar?

Menos de um ano.

Menos do que Barack Obama.