Photograph: Olivier Laban Mattei/AFP/Getty Images, no site Picture pixel Por Isaltino Nascimento O terremoto que devastou o Haiti chamou a atenção do mundo em muitos aspectos.

Pela violência do cataclismo, pelas imagens aflitivas de milhares de corpos espalhados em escombros, pelo sofrimento daqueles que perderam entes queridos, pelas cenas de barbárie protagonizadas por uma população desesperada com a demora no socorro e pela ausência de organização estatal e social, reflexo de um país imerso em absoluta miséria.

Contudo, há um aspecto revelado pela catástrofe ainda mais estarrecedor.

E que vai além das fronteiras do Haiti.

Refiro-me à convivência dispare entre países extremamente desenvolvidos, com condições econômicas, culturais e tecnológicas avançadas com povos mergulhados no atraso e na miséria crescente. É lógico que no momento atual o Haiti precisa de socorro.

Primeiro de comida, água, roupas e remédios.

Depois de recursos para a reconstrução das casas e edificações.

Mas superada esta fase, necessitará, sobretudo, de uma ajuda diferenciada.

Que possa promover soluções que rompam o círculo vicioso de miséria, ingovernabilidade e estagnação econômica instalado ali.

Buscar os motivos que levaram o Haiti e outros tantos países – da África, da Ásia, da América – a situações tão degradantes pode ajudar a buscar caminhos diferentes.

Também a questionar o malogro de esforços anteriores objetivando que os países mais ricos assumissem o papel de protagonistas de ações efetivas de resgate social e econômico dos mais pobres.

Trabalhar pela construção de pontes para democracia, cidadania e crescimento econômico de países em situação semelhante ao do Haiti significa olhar para o futuro.

Pois não leva a lugar algum a política que alimenta as elites gananciosas ou os promotores de ditaduras sanguinárias que se locupletam de gente carente e inculta.

Já é hora de a comunidade internacional se impor a obrigação de oferecer aos mais pobres condições de reverterem mazelas inaceitáveis, que os impedem de caminhar com as próprias pernas e de estabelecer condições de vida mínimas para suas populações.

Aos países ricos cabe o papel de financiadores desinteressados — mesmo que esta seja uma combinação de substantivo e adjetivo não muito comum na história da humanidade.

PS: Isaltino Nascimento (www.isaltinopt.com.br), deputado estadual pelo PT e líder do governo na Assembléia Legislativa, escreve para o Blog todas às terças-feiras.