Por Cecília Ramos, de Política / JC cecilia.ramos@jc.com.br O governador Eduardo Campos vai tratar pessoalmente da composição da chapa majoritária e proporcional (deputado federal e estadual) com os partidos aliados em março.
A perspectiva do governo é montar um chapão com os partidos da Frente de Esquerda.
Antes do prazo dado por Eduardo, entretanto, interlocutores estarão em ação.
O governador teve uma conversa preliminar com o presidente estadual do PSB, o vice-prefeito Milton Coelho, na segunda-feira, assim que retornou ao trabalho, após curto período de recesso.
Ficou definido que Milton continuará na linha de frente, aguentando a pressão e ouvindo as demandas dos aliados.
Hoje, o governador conseguiria emplacar o chapão, mas ele acha cedo para antecipar a melhor estratégia, uma vez que a oposição também não deu as cartas.
O debate de “chapinha” ou “chapão” será feito à luz da estratégia da campanha à reeleição de Eduardo, de pesquisas de intenção de voto e de quem de fato é candidato.
Dos principais partidos que compõem a base, apenas o PCdoB resiste ao chapão.
O vereador Luciano Siqueira, um dos “cabeças” do partido, e cotado para disputar mandato de deputado federal, admitiu ontem que o PCdoB “vem se esforçando para formar uma chapa própria” na eleição para estadual. “A compreensão do PCdoB é que a chapa única seria uma camisa de força sobre os partidos”, disse.
Para a eleição federal, porém, Siqueira acredita que todos da frente sairão coligados.
O PCdoB aposta na candidatura da secretária de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, a federal, mas a sigla cogita a hipótese de também lançar Siqueira.
Nos bastidores, entretanto, o Palácio entende que o PCdoB está bem representado com duas secretarias (Esportes e C&T) e não seria entrave à estratégia que Eduardo decidir.
O PT, partido com maior representatividade eleitoral, já criou obstáculo à formação da chapa, com a velha divisão interna (Humberto Costa x João Paulo).
Mas o próprio Eduardo entrou em cena, em dezembro, afagando o ex-prefeito, em almoço a sós no Palácio.
João Paulo sustenta que vai disputar mandato de federal, mas isso seria parte do jogo, pois ele já teria sua vaga na disputa ao Senado garantida.
Humberto e João Paulo comungam, agora, da mesma ideia.
Defendem que o PT estará onde for melhor para reeleger o governador.
RECADO O que já ficou claro para os aliados é que Eduardo não vai tolerar tentativas de desautorizá-lo da coordenação de sua campanha à reeleição.
Nas contas do Palácio, isso já ocorreu duas vezes, em 2009.
Em maio, o PT propôs discutir a vice, quando o vice-governador João Lyra Neto (PDT) passava por problemas de saúde, com a paralisia facial que ele trata até hoje.
A resposta de Eduardo, presidente nacional do PSB, veio por meio de nota assinada por Milton Coelho.
Se o PT desejava a substituição do vice que encontrasse, então, outro candidato ao governo em 2010.
O segundo mal-estar ocorreu em julho, quando o líder do PR, Inocêncio Oliveira, ensaiou apoiar a candidatura à reeleição do senador Sérgio Guerra (PSDB).
Na mesma época, o PP de Eduardo da Fonte anunciou apoio ao senador tucano.
O governador chegou a colocar o PP no bloco da oposição, por não aceitar apoio pela metade.
Agora, segundo palacianos, o PP estaria fazendo o caminho de volta à base.
Já Inocêncio, por sua vez, comprometeu-se esta semana: “O PR vai para o chapão (estadual e federal).
Isso foi um apelo do governador.
Ele disse que em time que está ganhando não se mexe”.