Ciclovias no Corredor Norte-Sul: a construção de um novo paradigma de mobilidade urbana.

Por Wanderson Florêncio O início do século XXI exige da sociedade mundial respostas imediatas para a sustentabilidade da vida humana.

Temáticas como a do meio ambiente, da educação e saúde, do combate à fome, da inclusão social e também digital, do crescimento econômico, do transporte urbano, enfim, do desenvolvimento de forma sustentável de um modo geral e das novas tecnologias de informação e inclusão, além da boa qualidade de vida dos sujeitos e do planeta, são assuntos emergenciais, na pauta das exigências do mundo atual.

Dentre tantos segmentos importantes e essenciais para nossa sociedade, discorreremos falando do transporte urbano.

As cidades e especialmente as metropolitanas, possuem hoje uma demanda elevadíssima de transporte e locomoção.

A quantidade de pessoas que têm a necessidade de se deslocar sejam para o trabalho, estudo, lazer e demandas diversas, sobem cada dia mais, proporcionando um verdadeiro emanharado de automóveis, motocicletas, ônibus e metrôs, estes últimos de cunho público, invariavelmente se apresentam lotados e de qualidade questionável.

Alternativas para solucionar ou ao menos amenizar as precárias condições vistas atualmente, passa não apenas por investimentos ou intervenções viárias pontuais ou desesperadas a fim de se contornar o caos apresentado, passa, sobretudo, por uma nova mentalidade de pensamento urbanístico e de transporte, recolocando paradigmas e trazendo novos conceitos de cidade e locomoção.

Possivelmente ao falar de transporte e mobilidade logo nos ocorre à lembrança dos elevados engarrafamentos que todos vivemos no dia a dia, como também, do absoluto atraso na qualidade e modernidade do transporte público essencial.

Na verdade, a prioridade dos governantes e até a vontade da população de um modo geral sempre teve como enfoque o veículo particular, em especial, o automóvel como meio de locomoção.

O pensamento dos que gerenciam as cidades nunca se afastou da prioridade de se criar vias e obras às vezes até estrambólicas focadas em dar condições de mobilidades aos autos.

No entanto, novos conceitos devem ser priorizados.

Conceitos modernos no tocante a mobilidade urbana não podem se afugentar a real necessidade de transformar o transporte público em algo de referência e de comodidade para todas as classes sociais, levando o cidadão a se ver beneficiado em utilizá-lo, não tendo o seu uso referência quanto a sua condição social, ou seja, o transporte público não pode ser mais alternativas para os pobres ou menos favorecidos que não possuem condições de ter um automóvel, terá de ser imbatível em comparação a estes, proporcionando rapidez, segurança, conforto, pontualidade, ou seja, alto padrão com baixo custo.

Este é o modelo a ser seguido e priorizado nesse novo milênio.

Somando-se a isto, alternativas para o transporte individual devem ser estabelecidas, como é caso das ciclovias.

Não se compreende mais a idéia de que a bicicleta se trata apenas de um veículo de lazer ou divertimento.

Em países evoluídos e modernos como os Escandinavos, Holanda, Japão e tantos outros, ou como a China, por exemplo, focam sua mobilidade urbana tendo as ciclovias também como prioridade.

Logicamente que se trata de transporte de curta distância, mas que devem ser encarados como alternativa viária útil e essencial.

Benefícios não faltam em defesa das ciclovias, podemos elencar tendo como prisma o lado ambiental, devido a não emissão de carbono, apresentando-se como um transporte limpo; também se ressalta relevâncias ligadas à saúde, pois se trata de um transporte que estimula a prática física, levando ao abandono do sedentarismo; proporciona ganhos econômicos, pois certamente a economia local se viria aquecida com a fabricação, venda e manutenção de materiais primários e acessórios ligados à bicicleta; ganhos turísticos, pela facilidade de contemplação das cidades ao se deslocar mais próximo às suas belezas; otimização do espaço público, pelo fato de que o espaço de um carro equivale a de quatro bicicletas, e isso faz muita diferença, além de que, podem ser observados facilmente nas ruas que são raros os casos em que o automóvel possui mais de um integrante em seu interior, ou seja, mau uso do espaço público; enfim, inúmeros fatores contribuem para a escolha deste tipo de transporte individual que ao contrário do que muito se imagina é moderno, avançado, do futuro, pois contempla a necessidade do novo modo de viver que o mundo e a natureza nos exigem.

No entanto, não basta construir ciclovias sem pensá-las de modo integrado.

A opção por elas deve vir relacionada como uma opção de transporte e não apenas de lazer, como já enfatizamos, ou seja, é necessário que se disponibilize segurança em seus corredores, boa sinalização, arborização, estacionamentos estratégicos coligados ao transporte público e ciclovias integradas, proporcionando ao ciclista a oportunidade de atingir os extremos das cidades passando pelo centro.

Concretamente, não pode ser deixada de lado a grande oportunidade que Pernambuco tem através do importante e milionário projeto do corredor norte-sul, que irá interligar boa parte da região metropolitana, e não aproveitar o ensejo para implantar paralelo a este percurso as ciclovias, fato que transformaria Recife e região metropolitana na grande referência nacional quanto ao transporte feito por ciclovias.

Dando o exemplo, e sinalizando que uma cidade moderna ou um complexo sistema de transporte não pode mais ser incapaz de evitar ou ao menos diminuir a poluição, os engarrafamentos quilométricos, a lentidão e o stresse vivido cotidianamente, alertando de modo veemente que as cidades não suportam mais o modelo ultrapassado aí presente.

Por conseguinte, tratar as ciclovias como alternativa e complemento do sistema de transporte é buscar o aperfeiçoamento do plano de locomoção da cidade e região, proporcionando um indicativo para o clamor do novo milênio que é de um ambiente limpo, sustentável, saudável e economicamente viável, acreditamos que através da inclusão da ciclovia no projeto do corredor norte-sul, avançaríamos muito neste sentido, fica, portanto, nossa torcida e mobilização.

Wanderson Florêncio é Presidente da Juventude e Secretário Estadual do Partido Verde-PE.