(Foto: José Cruz/ABr) Da Agência Brasil O governo argentino sofreu na tarde de hoje (11) um novo revés na Justiça.
A juíza María José Sarmiento decidiu transformar em causa ordinária, portanto, sem urgência, o processo sobre a exoneração do presidente do Banco Central (BC), Martín Redrado, e o uso de recursos da reserva nacional para pagamento da dívida externa.
Com a decisão, a juíza terá mais tempo para decidir sobre o assunto.
Hoje de manhã, ela recebeu os documentos do governo enviados pela Câmara do Contencioso Administrativo Federal.
Anteriormente, a juíza havia recebido material encaminhado pelos advogados de Redrado.
Na semana passada, a Justiça havia determinado a permanência de Redrado no comando do Banco Central, mesmo depois da ordem da presidente argentina, Cristina Kirchner, que o exonerou por decreto.
Hoje a presidente criticou duramente a Justiça. “Há uma formidável manobra, não só política, mas também midiática e com ajuda de alguns setores judiciais”, reclamou ela, referindo-se a uma possível campanha de desestabilização.
Também hoje o juiz federal Norberto Oyarbide interrompeu o recesso de janeiro para apreciar ação movida pelo governo contra Redrado.
Em recurso encaminhado à Justiça, o procurador do Tesouro, Osvaldo Guglielmino, acusa Redrado de “descumprimento dos deveres de funcionário público”.
Desde a semana passada, há uma crise política instaurada na Argentina.
Kirchner insiste em demitir Redrado por ele se negar a usar recursos da reserva para o pagamento da dívida.
Na última quinta-feira (7), a presidente demitiu, por decreto, o titular do Banco Central, que se recusa a deixar o cargo.
A ação foi condenada pela oposição – o governo está em minoria no Congresso.
Kirchner defende o uso de cerca de US$ 6,6 bilhões das reservas do país para pagar vencimentos da dívida externa em 2010 e Redrado é contra.
Inicialmente, a presidente pediu a renúncia de Redrado, que se negou a sair.
Depois, ela anunciou que havia escolhido Miguel Pesce, atual vice-presidente do BC como interino.
Porém, o objetivo do governo seria nomear Mario Blejer.
Pelas leis argentinas, o Banco Central é autônomo e o presidente da instituição deve ser designado e destituído por meio de decisão do Parlamento.
O mandato de Redrado termina em setembro.