O Planalto pressionou e a Aeronáutica decidiu apresentar ao ministro da Defesa Nelson Jobim um novo relatório de análise técnica das aeronaves concorrentes para renovação da frota da Força Aérea Brasileira (FAB).
No anterior, estava expressa a preferência do Comando da Aeronáutica pelo caça sueco Gripen NG.
O novo modelo exclui a “hierarquização” das propostas concorrentes.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva irritou-se ao saber que o primeiro relatório havia vazado para o jornal Folha de S.
Paulo e considerou o incidente uma tentativa da Aeronáutica de constrangê-lo.
Lula, que já manifestou publicamente sua preferência pelo caça francês Rafale, não pretende levar em conta a opinião da FAB ao anunciar a sua decisão.
Segundo o presidente, a compra dos 36 aviões é “política e estratégica” para consolidar a parceria entre o Brasil e a França.
Segundo a edição desta quinta-feira do jornal O Estado de S.
Paulo, o texto modificado deverá ser entregue a Jobim na próxima semana, sem qualquer recomendação.
Na versão original, o Rafale ficou em terceiro e último lugar, por ser considerado mais caro e com custo de operação mais alto.
Já o modelo F-18 Super Hornet, da americana Boeing, ocupava a segunda posição.
Um assessor de Lula disse ao jornal que, após a apresentação do primeiro relatório, tudo foi revisado, mas que nem o presidente e nem Jobim obrigaram a FAB a modificar seu texto. “A situação é muito complexa e os relatórios são técnicos.
Não dá para comparar equipamentos diferentes assim, até porque um dos modelos ainda é um projeto”, afirmou.
A escolha de novos caças para substituir a frota atual da FAB, que especialistas classificam de obsoleta, vem se arrastando desde o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que, no último ano de seu mandato, em 2002, decidiu deixar a decisão sobre a compra para Lula, seu sucessor.
Inicialmente, Lula cancelou o projeto, então conhecido como F-X, mas em maio de 2008 foi criado o projeto F-X2 e, em novembro do mesmo ano, selecionados como finalistas o Rafale, o Gripen NG e o F-18 Super Hornet.
Nem a FAB nem as empresas concorrentes divulgam valores, mas uma fonte do governo francês chegou a afirmar que a proposta francesa era de 5 bilhões de euros.
O Rafale é apontado por especialistas como a opção mais cara entre os três concorrentes.
O cronograma inicial do F-X2 previa o anúncio da escolha do novo caça em outubro do ano passado, mas uma decisão final sobre o assunto, que cabe ao presidente Lula, vem sendo adiada desde então