Do blog do Planalto Morador do Recife, um adolescente aflito conta que a mãe irá jogar álcool no corpo e atear fogo.

O relato chega em forma de correspondência às mãos de Cláudio Soares Rocha, da Diretoria de Documentação Histórica da Presidência da República.

A data estava marcada para aquela tarde.

Sem muito tempo, Cláudio pega o telefone e dispara algumas ligações para autoridades na capital pernambucana.

A mãe é localizada nas imediações de uma agência bancária.

Com a casa da família levada a leilão, a drástica decisão foi abortada.

Semanas depois, o filho escreve novamente agradecendo pela ação.

Esse é um dos muitos exemplos guardados por Cláudio Soares, que analisa todas as correspondências enviadas ao presidente Lula, que trazem casos dramáticos como o do adolescente de Recife e muitos outros.

Ele lembra, por exemplo, de um menino que necessitava de transplante de coração no interior de Minas Gerais.

A família havia conseguido todo o aparato médico e hospitalar, além do doador, mas precisava ser removido para Belo Horizonte.

O final da história narrado em carta foi a sucesso da cirurgia.

O remetente da carta conseguiu de Cláudio que um helicóptero fizesse o transporte até a capital mineira, onde a cirurgia aconteceu.

Outro caso que chamou atenção foi o de uma idosa que recorreu à equipe para solucionar um problema burocrático.

Hoje, é amiga íntima de Cláudio.

Mas nem tudo são flores.

Ele lembra que um morador de Brasília, diante da negativa de ser atendido, se deslocou à repartição.

Houve discussão e, por intervenção dos seguranças, o cidadão foi retirado do local.

Um belo dia próximo ao Palácio da Justiça, na Esplanada dos Ministérios, os caminhos dos dois se cruzaram.

Cláudio foi reconhecido e saiu em retirada diante do enfurecido missiva que partiu para uma agressão física. “Saí com o carro cantando os pneus”, revela.

Todos os dias o setor recebe 250 cartas e 250 e-mails que são todos encaminhados ao Presidente da República.

A maioria das correspondências refere-se a pedidos.

De dinheiro a emprego, passando por máquinas para confecções.

O volume amplia-se quando o presidente visita uma cidade. “Às vezes, os auxiliares retornam com 300 correspondências”, diz Cláudio.

Em conversa com o Blog do Planalto, Cláudio contou que 98% das correspondências são respondidas.

Aquelas que não retornam aos autores se enquadram na falta de endereço do remetente ou até mesmo porque não merecem ser respondidas.

No final do ano, por sugestão dele, o presidente encaminhou cartões de Natal a cidadãos.

Cláudio revela que Lula se emocionou em São Paulo quando foi surpreendido por um catador de material reciclável que lhe agradeceu a correspondência.