Por Manoel Medeiros Neto, de Política / JC mmedeiros@jc.com.br O período compreendido entre a véspera de Natal e o fim das férias de janeiro desmobiliza as atividades políticas: gestores do Executivo entram de férias e as casas legislativas cessam os trabalhos.
Para os que passeiam pela Região Metropolitana do Recife (RMR), no entanto, é tempo de relembrar os políticos, mesmo que de maneira involuntária.
O JC visitou na terça-feira (29) os municípios de Abreu e Lima, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista e Recife, todos na RMR, e constatou uma “invasão” de outdoors de políticos – com ou sem mandato.
Por trás dos votos de Feliz Natal e próspero 2010 registrados nas peças publicitárias, já emerge a pré-campanha de 2010.
A profusão de outdoors evidenciando figuras políticas em nome dos festejos de fim de ano – as fotos e os nomes dos personagens são sempre destacados nas peças – tornaram-se mais comuns nesta época do ano porque no período oficial de campanha – que em 2010 terá início em julho – os outdoors estarão proibidos.
A última campanha que utilizou o recurso foi a de 2004 (eleição municipal).
O deputado federal Armando Monteiro Neto (PTB), pré-candidato ao Senado, é o político que mais distribuiu placas de publicidade no Grande Recife.
O anúncio do petebista registra: “Pernambuco crescendo para mais pernambucanos.
Nosso maior compromisso em 2010”.
No âmbito da Assembleia Legislativa, dois parlamentares também distribuíram outdoors na RMR: Airinho (PSB) e Luciano Moura (PCdoB).
Nos corredores da Casa, os prognósticos para a reeleição de ambos não prevê dias fáceis e, aparentemente, os trabalhos para reverter o cenário já estão na rua.
Sertanejo, o socialista utiliza uma frase bíblica para “abençoar” os cidadãos: “Os que esperam no Senhor renovarão as suas forças.
Feliz 2010”.
Luciano Moura é mais direto: “Novos caminhos e sonhos.
Mais direitos e igualdade.
Feliz 2010”.
Sem mandato, estrelam outdoors Betinho Gomes (PSDB) e Ricardo Costa (PRTB).
O tucano, filho do prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes (PSDB), concentrou a publicidade entre os municípios que pretende conquistar mais eleitores em outubro de 2010, quando tentará retornar à Assembleia: Jaboatão e Cabo de Santo Agostinho.
Betinho é a maior aposta da chapa tucana. “Não importa o tamanho dos nossos sonhos.
Com dedicação e esperança, eles serão alcançados”, registra.
No caso da publicidade “comemorativa” de Ricardo Costa, até um provável slogan de campanha é apresentado. “Pense nisso, Pense Costa”, registra, após sugerir mais “comida na mesa de todos”.
Na tentativa de alavancar os nomes locais da sigla, o PSB de Paulista uniu numa só propaganda as figuras do governador Eduardo Campos, do prefeito Yves Ribeiro e do vereador Júnior Matuto.
Posicionadas lado a lado, as três fotos são postas à margem de um texto desejando feliz Natal e ratificando a união do trio em 2010. “Continuaremos juntos em 2010, fazendo acontecer…” PROTESTO A inundação de propagandas em benefício de políticos, utilizando o argumento de oferecer aos cidadãos desejos de “feliz Natal e próspero Ano Novo”, vem à tona no mesmo período em que o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE) define o colegiado que fiscalizará a propaganda eleitoral.
O grupo será responsável por avaliar todas as representações em relação à publicidade.
Como a legislação não define regras para todas as peculiaridades da pré-campanha, os outdoors “natalinos” podem ser questionados à comissão.
Nas campanhas eleitorais, os outdoors estão proibidos desde 10 de maio de 2006, quando a lei federal 11.300 foi sancionada.
Seguindo a determinação, o TSE publicou a resolução 22.246 ratificando o veto.
A mudança, no entanto, gerou polêmica entre os parlamentares.
No 2º semestre deste ano, a votação da reforma eleitoral no Congresso reacendeu a discussão, mas não trouxe resultados efetivos.
Da bancada pernambucana, os deputados federais Roberto Magalhães (DEM) e Maurício Rands (PT) lideraram iniciativa em favor da legalização do outdoor.
Magalhães, inclusive, anunciou a disposição de deixar a vida pública em 2010 em decorrência de “decepções” enfrentadas no Congresso.
Na defesa do outdoor, ele argumenta que a peça aproxima o político e o eleitor durante a campanha.
De perfil urbano e significativa parte da votação proveniente do chamado “voto de opinião”, Magalhães utilizou a publicidade como principal meio para divulgar sua candidatura no retorno à Câmara em 2002.