Da Folha Online O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai tentar convencer os militares que o Plano Nacional de Direitos Humanos não é uma decisão de governo, mas fruto de uma conferência realizada sobre o tema, informa nesta quinta-feira o “Painel” da Folha, editado por Renata Lo Prete.

O plano é o foco de crise entre militares e membros do governo ligados às famílias de mortos e desaparecidos na ditadura.

Segundo a coluna, no lançamento do programa, em 21 de dezembro, o presidente já havia feito esforço para acalmar os descontentes, sugerindo que nem tudo o que está escrito no programa será mantido.

Reportagem da Folha publicada nesta quinta-feira informa que o presidente Lula saiu de férias hoje e deixou para abril a definição sobre o plano.

O presidente embarcou hoje pela manhã para a Base Naval de Aratu ( 40 km do centro de Salvador), propriedade da Marinha, onde passará o Réveillon com a família e deverá ficar de folga até 10 de janeiro.

O presidente deverá determinar que sejam feitos ajustes no texto do plano assim que retornar das férias.

Informado de que o texto divulgado não representava consenso em todas as áreas do governo e havia sido contestado pelos setores militares, Lula mandou informar aos comandantes militares que pedirá alterações no texto.

Segundo a reportagem, o governo tem até abril para elaborar projeto da Comissão da Verdade, para examinar violações de direitos humanos durante a repressão.

Os militares, que aguardavam recuo do Planalto, acham que Lula “empurra com a barriga”.

Ontem, as autoridades envolvidas no conflito baixaram o tom das críticas.

O secretário de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, entrou em férias e avisou que não comentaria o caso, e o ministro Tarso Genro (Justiça) insistiu em que a palavra final caberá ao presidente.

Também o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e os comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica se recusaram a falar.

A promessa de Lula, levada a eles por Jobim, é de que a tensão será contornada e que o governo não tem nenhum interesse em provocar os militares e criar-lhes constrangimentos.