Da Agência Brasil O governo do Brasil cobrou do Suriname alerta máximo para evitar que as novas ameaças a brasileiros, que estão em áreas de garimpo no país vizinho, se concretizem.

Em entrevista à Agência Brasil, o embaixador do Brasil em Paramaribo (capital do Suriname), José Luiz Machado e Costa, disse hoje (29) que o ataque aos brasileiros na véspera do Natal foram “atos de selvageria e de violência extrema”.

Costa afirmou ainda que mulheres brasileiras sofreram estupros e outras violências na noite do ataque. “Jamais minimizamos a gravidade de tudo o que ocorreu.

Agora trabalhamos para administrar a crise e dar assistência às vítimas e suas famílias”, disse ele, que negou haver xenofobia contra os brasileiros no país vizinho.

A seguir, os principais trechos da entrevista do embaixador do Brasil no Suriname.

Agência Brasil – A situação na região de Albina, a 150 quilômetros de Paramaribo, onde ocorreu a ataque a brasileiros, ainda é tensa?

José Luiz Machado e Costa – A situação está se normalizando e, aos poucos, vai se estabilizar.

Os brasileiros nunca tiveram problemas no Suriname.

Sempre houve uma tolerância muito grande com os brasileiros.

Quando a embaixada perguntava quem queria voltar, não havia demonstrações de interesse.

ABr – O que houve, então, em Albina?

Por que ocorreu o ataque no último dia 24, quando um grupo de estrangeiros, incluindo brasileiros, foi atacado por quilombolas surinameses, deixando feridos e desaparecidos)?

Costa – Aquela é uma área delicada, onde vivem os “marrons”, os quilombolas locais, que têm regras próprias e não admitem a presença de estranhos.

Brasileiros, chineses e javaneses se instalaram no local.

Portanto, não é nada contra os brasileiros especificamente.

De qualquer maneira, estamos concluindo as negociações para fechar um acordo de regulação migratória para facilitar uma série de ações.

ABr– Como a embaixada está reagindo a essas novas denúncias de ameaças em outras áreas de garimpo?

Costa – Comunicamos imediatamente o governo do Suriname, que logo tomou providências: foi reforçado o policiamento em todas as regiões de garimpo no país e a cobrança interna e externa é imensa.

A dificuldade é que a atividade do garimpo de ouro é ilegal e, aliado a isso, os que atuam nela não têm documentos nem são identificados.

ABr – Há denúncias de que pelo menos 20 mulheres foram estupradas na véspera do Natal.

Oficialmente não se comenta sobre isso.

Houve estupros?

Costa - Jamais minimizamos a gravidade de tudo o que ocorreu.

Agora trabalhamos para administrar a crise e dar assistência às vítimas e suas famílias.

O que houve no dia 24 foram atos de selvageria e violência extrema.

ABr - Também há informações de que sete pessoas estão desaparecidas, inclusive brasileiros.

Por que a negativa oficial?

Costa – Enquanto não surgirem evidências concretas não se pode confirmar que há brasileiros entre os supostos desaparecidos.

Essa hipótese foi levantada pelo padre José Virgílio da Silva [ele dirige a rádio Katolica e foi um dos primeiros a dar assistência às vítimas], que tem boas intenções e cobra respostas ao ataque.

Confiamos nas investigações em curso e também aguardamos as conclusões das apurações.

A polícia do Suriname está sendo cobrada interna e externamente.