De Política / JC O anúncio do prefeito de Ipojuca, Pedro Serafim (PDT), de que vai cortar em até 90% os cargos comissionados da prefeitura devido à nova forma de redistribuição de ICMS para 2010 vem causando polêmica.

As principais dúvidas são com relação à quantidade de servidores que ocupam funções gratificadas e sobre de que forma a máquina funcionará com um número tão alto de exonerações.

Na última quinta-feira, quando anunciou a medida, Serafim justificou a decisão por conta da previsão de perda de aproximadamente R$ 46 milhões na arrecadação do município para 2010 – em virtude da aprovação, na Assembleia Legislativa, da medida que altera a redistribuição do imposto entre as prefeituras.

O gestor não soube, no entanto, precisar quantas exonerações aconteceriam.

Segundo o presidente da Câmara dos Vereadores de Ipojuca, Odimeres José da Silva (PDT) – mais conhecido como Nen Batatinha –, a decisão o pegou de surpresa. “Até agora não chegou nenhuma informação oficial para a Câmara.

Mas é estranho que 90% dos comissionados sejam exonerados.

A máquina vai parar?”, questionou.

Segundo o vereador, correligionário do prefeito, a prefeitura tem, aproximadamente, 3.700 cargos comissionados.

Caso o número esteja correto, a prefeitura terá menos de 400 servidores com funções gratificadas a partir de 1º de janeiro.

Questionado sobre o número exato de servidores comissionados em Ipojuca, o secretário de governo do município, Raul Bradley, repetiu o que Serafim havia dito um dia antes. “Não temos esse número ainda.

Está sendo feito um levantamento para sabermos a quantidade exata”, explicou.

Deputado estadual e ex-prefeito de Ipojuca, Carlos Santana (PSDB) também não concorda com a decisão do prefeito. “É muito estranho.

Esta semana mesmo foi publicada uma matéria falando sobre o crescimento do PIB de Ipojuca. É uma das prefeituras que mais crescem em Pernambuco.

Como é que alguém toma a decisão de cortar 90% dos cargos e não diz quantos cargos são?

Só pode estar querendo acobertar algo”, disparou. “Acho que deveria existir mais transparência.

O prefeito devia explicar o porquê do corte, quantos serão cortados e quanto a prefeitura vai economizar com isso”.

Durante toda a tarde de ontem a reportagem do JC tentou, sem sucesso, entrar em contato com o prefeito Pedro Serafim para que ele comentasse às declarações do ex-prefeito Carlos Santana e de Nen Batatinha.