Por Sérgio Montenegro Filho, no blog www.polislivre.blogspot.com Mesmo para os mais céticos – como eu – é preciso reconhecer que há um ar de mudança na política pernambucana.
Pelo menos é o que revelam as ações e o discurso do governador Eduardo Campos (PSB).
Ao inaugurar ontem o Hospital Miguel Arraes, uma das suas principais promessas da campanha de 2006, ele mandou vários recados aos adversários, mas sempre no tom de crítica elegante.
Sem baixar o nível.
Ninguém se engane pensando que as obras inauguradas ficarão fora da campanha do próximo ano pela reeleição.
Eduardo vai tirar o máximo de proveito delas.
Mas a mudança é exatamente essa.
Em vez de criar conflitos e medir forças pela imprensa com a oposição, o governador anda ignorando os ataques dos adversários e tentando mostrar serviço.
Assim, arrebanha bônus eleitorais para trocar nas urnas e, de quebra, não enche o saco do eleitor, já saturado de dedos em riste e trocas de agressões, sobretudo quando invadem suas casas no horário eleitoral gratuito.
Resta saber é se esse fair play continuará assim.
Afinal, no período de campanha propriamente dita, os ataques ficam liberados – tenham eles fundamento ou não – e aí o sangue ferve, a cabeça esquenta e as pessoas perdem as estribeiras.
Mas por enquanto, ao que parece, a intenção de Eduardo não é essa.
Nem a do seu virtual adversário na disputa pelo governo, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB).
Os dois têm mantido uma política de elegância, embora com recados críticos de parte a parte, mas sem sair da linha.
Uma atitude bem que poderia ser seguida por aliados dos dois lados.
A exemplo do deputado Armando Monteiro Neto (PTB) e do senador Sérgio Guerra (PSDB), que disputarão o Senado no próximo ano, mas já anteciparam a briga.
Os dois políticos têm ocupado largos espaços do noticiário nos jornais e rádios – e aí vai uma autocrítica – para se atacar mutuamente.
E num nível que deixa muito a desejar.
Todo o clima quente se deve às pesquisas realizadas nos bastidores, para consumo interno.
Elas têm indicado que Monteiro e Guerra estão na briga por uma das vagas no Senado.
A outra, em tese, deve ficar com o senador Marco Maciel (DEM).
Que, sem mover uma palha para brigar com ninguém, nem reagir a qualquer ataque, vai consolidando uma invejável longevidade no poder.
O que prova que nem sempre as agressões levam à vitória.