Da Agência Estado Depois de um ano mergulhado em escândalos, com o ápice na revelação dos atos secretos, o Senado não tirou do papel suas promessas de mudanças.
A reforma administrativa prometida pelo presidente José Sarney (PMDB-AP) fracassou.
A Casa deve encerrar o ano legislativo de 2009 do jeito que começou: com uma inchada estrutura interna, incluindo dezenas de diretorias, milhares de gratificações e contratos de terceirização de mão-de-obra sob suspeita.
Pressionado pelos 10 mil funcionários de carreira, comissionados e terceirizados, Sarney - isolado e enfraquecido politicamente após a onda de denúncias contra ele - deixou de lado os discursos de moralização do Senado.
A finalização do processo disciplinar contra o ex-diretor-geral Agaciel Maia, apontado como mentor dos atos secretos, ficou para janeiro.
Agaciel aposta na amizade com Sarney, padrinho de casamento de sua filha, para evitar a demissão do serviço público.
O presidente do Senado e o primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), ignoraram, por exemplo, uma auditoria feita em 34 contratos de terceirização que apontou sobrepreço de mais de 30%, falta de projetos básicos, nepotismo e excesso de funcionários.
Em vez de realizar novas licitações, o Senado optou por prorrogar os contratos sob suspeita.
São mais de R$ 55 milhões por ano em serviços renovados, sem licitação, até 2010.
Sarney cedeu à pressão de senadores e funcionários para que não houvesse demissões na terceirização, que emprega 3 mil pessoas dentro do Senado, incluindo 280 parentes de servidores de carreira ou confiança.
As únicas mudanças ocorreram em relação a três contratos de vigilância e limpeza, cujas concorrências ocorreram na gestão do ex-presidente Garibaldi Alves (PMDB-RN) após denúncia do Ministério Público de fraudes na disputa.
As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.