Por Raul Jungmann, de Copenhague, especial para o Blog de Jamildo A ministra Dilma Rousseff, chefe da delegação brasileira na COP, Conferência das Partes, número 15, chegou falando grosso no encontro com os ministros dos demais países, em especial industrializados.
Tachou de “escândalo” a proposta de que os países em desenvolvimento contribuam para um fundo de mitigação e adequação, visando a redução de gases de efeito estufa por parte dos países pobres.
A ministra está certa quanto à letra do acordo de Kioto e, anteriormente, ao que foi acordado na ECO 92.
Se a responsabilidade é comum, rezam a convenção de 92 e o protocolo de 97, ela é diferenciada no que toca as metas e esforços a serem feitos.
E aos países ricos cabe financiar os em desenvolvimento, por conta da contribuição dos primeiros para o acúmulo de CO2 na atmosfera durante séculos.
Mas tem ou problema.
O Brasil é pobre ou é rico?
Nenhum dos dois ou ambos, dependendo do ponto de vista que se adote.
Somos a décima economia do mundo e em breve seremos a 5a, trombeteia o presidente Lula.
E, se não temos uma renda per capita dos países ricos, estamos a léguas dos paupérrimos africanos e muitos asiáticos.
De quebra, toda hora nos jactamos de sermos emergentes, potencia regional com projeção global, com recursos, pré-sal, biodiversidade, comida, metais, água etc.
Além de sermos um global trader em vias de se tornar global player, um ator global, portanto.
Claro, temos problemas seculares e seríssimos, como pobreza e desigualdade de renda.
Mas, já não somos credores do FMI?
E nossas empresas mais e mais não se transnacionalizam pela America do Sul e mundo?
E então?
A ministra Dilma chia porque sabe que fica bem na foto, sobretudo junto ao grupo dos 77 países pobres e em desenvolvimento.
Sem falar no efeito interno, e eleitoral, da sua fala.
Ela sabe também que os Estados Unidos não querem dar um dólar à China que tem tresury bonds americanos no valor de quase dois trilhões de dólares.
Mas que, para o Brasil, com suas florestas e imensas reservas de água doce, tanto os EUA quanto a União Européia darão, com certeza uma boa grana.