O governo do Distrito Federal abasteceu nos últimos três anos, sem licitação, com pelo menos 14,4 milhões de reais, uma produtora que fez programas para o diretório do DEM em Brasília e cuidou da campanha do governador José Roberto Arruda em 2006.
A forma de pagamento se assemelha ao esquema conhecido como “valerioduto”, no qual empresas-mãe com grandes contratos com o governo repassavam dinheiro a integrantes do grupo político mediante subcontratações.
O dinheiro cai primeiro na conta das empresas contratadas oficialmente para cuidar da publicidade do DF.
Depois, é transferido para a AB Produções, do empresário Abdon Bucar.
Esse repasse não aparece nas notas de empenho.
Surge apenas em ordens bancárias, que chegam a ultrapassar 200 mil reais por serviço prestado.
Arruda é acusado pelo Ministério Público de comandar o “mensalão do DEM”, suposto esquema de pagamento de mesadas a políticos aliados e de captação de propina com empresas fornecedoras do governo local.
Num encontro em 2006 com Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais de Arruda, Bucar admite que fez acordo para receber por caixa 2 na campanha.
Na conversa, gravada em vídeo por Barbosa, o dono da AB Produções reclama de um contrato não honrado de 750 mil reais “com o PFL” - nome antigo do DEM - e de 1 milhão de reais que teriam caído em sua conta sem explicação.
Chega a falar em “esquentar” nota fiscal, expressão usada para “legalizar” dinheiro não declarado. (Com Agência Estado)