Por Edílson Silva Não acreditei quando li hoje nos editoriais da Folha de São Paulo um texto assinado por Ruy Castro criticando “Pernambuco” por “estarmos” à frente de uma campanha pela melhor distribuição dos royaltes do Petróleo do pré-sal.

Minha descrença não foi pela crítica em si, absolutamente natural e desejável numa sociedade democrática, mas pelos argumentos que o articulista levantou.

Aliás, o título do artigo em questão é “só para argumentar”.

Ruy Castro diz que a pitomba e a mangaba pernambucanas são fruto de uma benção geológica, a mesma que deu ao Rio de Janeiro a riqueza das bacias petrolíferas e do pré-sal, e que estas frutas “respondem por boa parte da economia pernambucana”.

Segundo ele, se o Rio de Janeiro só produzisse caju e banana e exigisse a divisão da “dinheirama” - isto mesmo, ele disse dinheirama - da pitomba e da mangaba pernambucana com os demais estados, a reação na terra de Frei Caneca seria a mesma do governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral.

Não satisfeito em elevar nossas simpáticas frutinhas à condição de commodities, Ruy Castro ousou avançar sobre a nossa carne de sol com feijão de corda, sobre a manteiga de garrafa e até sobre nossas agulhinhas fritas, que ele deixou transparecer que respondem ainda mais pela economia de nosso estado.

Ainda bem que o articulista esqueceu-se da nossa rapadura, do mel de engenho, do arrumadinho e do queijo de coalho assado.

Tamanha a importância da mangaba e da pitomba para a economia do estado e do país no editorial da Folha, talvez fosse o caso de se constituir empresas estatais para proteger e desenvolver estas bênçãos propiciadas por nossa geologia.

Os nomes seriam também simpáticos: Mangababras e a Pitombabras.

Tamanha a desproporção das comparações, o artigo merece uma resposta, mas uma resposta à altura, no mesmo tom de brincadeira, pois parece ter sido esta a verdadeira intenção de Ruy Castro.

PS: Edílson (www.twitter.com/edilsonPSOL) é presidente do PSOL-PE, entende como correta a luta do governador de Pernambuco Eduardo Campos pela melhor distribuição dos recursos do pré-sal entre os brasileiros.