Por Sérgio Montenegro Filho, no blog www.polislivre.blogspot.com Ontem foi o Dia Internacional contra a Corrupção.
Até quis escrever sobre o assunto, mas o excesso de atividades impediu.
Talvez tenha sido melhor, porque assim pude aguardar informações sobre as manifestações pelo País acerca do tema, tão importante nas vidas dos cidadãos.
A frustração, porém, foi total.
Pouquíssimas notícias a respeito foram publicadas nos meios de comunicação.
Quase nenhum debate.
Da parte de políticos, mesmo aqueles que integram frentes de combate à corrupção, não vi nada.
Um registro, apenas, foi feito por funcionários dos órgãos de controle e fiscalização – Ministério Público e Controladoria Geral – que distribuíram panfletos ao povão em pontos de concentração no centro do Recife.
Foi o máximo que encontrei nos jornais de hoje.
O que essa indiferença leva, forçosamente, a pensar?
Que dinheiro público metido nas cuecas e meias de políticos e servidores tornou-se rotina?
Que construir castelos não declarados à Receita Federal virou prática aberta?
Que pagar propina a legisladores para aprovar projetos é a única forma de garantir a governabilidade?
A apatia sugere que atos assim já não surpreendem, nem causam mais indignação a ninguém.
Num País como o Brasil, uma data como essa de ontem – por mais que seja apenas um dia – deveria gerar grandes debates, atos públicos, manifestações da sociedade civil.
Começo a crer na acomodação pura e simples.
Ou pior, na rendição.
Como que por encomenda, duas semanas antes da data – acordada por 110 países, no México, como forma de implementar ações de combate à corrupção em nível global – um novo caso explodiu nas telas de todo o Brasil.
Um respeitável governador, até cotado para disputar a Vice-Presidência da República, flagrado num ato de corrupção ativa, daqueles de arrepiar os cabelos.
O tal governador deve ser expulso do partido amanhã.
Pode até sofrer impeachment.
Mas o grave é que o caso é “apenas mais um”, uma reprise de outros tantos.
Sem ir longe, alguém ainda lembra do vídeo com o funcionário dos Correios recebendo uma propina de três mil reais?
Aquele que deu origem ao escândalo do mensalão, envolvendo o governo do PT.
De lá para cá, vários outros vídeos e gravações clandestinas fizeram a festa dos caçadores de corruptos.
E também dos demagogos de plantão.
Mas e a população?
Onde estão as grandes manifestações de rua, passeatas, atos públicos?
Todos estão cansados, ou passaram a conviver com a esbórnia de dinheiro público como algo normal na rotina do País?
Em sendo assim, para quê precisamos mais de frentes de combate à corrupção?
Ou de órgãos fiscalizadores?
Ou mesmo de Justiça?
Graças a Deus, para alguns poucos, continua sendo difícil engolir tantos sapos.
E, simplesmente, colocar a cabeça sobre o travesseiro e fechar os olhos à toda essa sujeira.