Deu no Blog de Josias A corrupção, como se sabe, acontece em várias regiões do mundo.

Quase todas no Brasil.

Uma característica interessante da corrupção brasileira se observa nos partidos políticos.

O corrupto está sempre nas outras legendas.

A confirmação da tese veio numa nota do PT.

Reunido em Brasília, o diretório nacional do partido de Lula divulgou um texto no qual discorre sobre a conjuntura.

A auturas tantas, o petismo anota que o panetonegate “coloca por terra o discurso hipócrita dos falsos vestais do DEM”.

Classifica o mensalão ‘demo’ do governador Arruda de “reprise ainda mais chocante dos escândalos do PSDB de Yeda Crusius e de [Eduardo] Azeredo”.

Não há na nota do diretório do PT vestígio de menção ao mensalão do PT. É como se não tivesse existido.

A nota foi divugada no início da noite desta terça (8).

Horas depois, a nata do petismo reuniu-se numa casa de festas brasiliense.

O PT abriu, num jantar, os festejos de seu aniversário de 30 anos.

O ponto alto do repasto foi uma homenagem aos ex-presidentes da legenda.

Entre os homenageados, dois réus da ação penal que apura, no STF, as estripulias da “quadrilha” dos 40: José Dirceu e José Genoino.

Vale a pena ouvir Dirceu, o “chefe da quadrilha”, segundo a definição da peça acusatória do Ministério Público: “O eleitorado sabe distinguir o que é um erro do partido, o que é caixa dois, e o que é corrupção”, disse Dirceu. “O eleitorado sabe que nenhum petista enriqueceu.

O PT não desviou recurso público…” “…O eleitorado sabe que não houve mensalão.

O eleitorado não julga um partido por causa de um erro, mas por toda sua contribuição”.

Beleza.

O mensalão dos outros é corrupção.

O mensalão do PT é um “erro”.

Ou, por outra, o mensalão do PT “não houve”.

O eleitorado é bobo.

Ouça-se agora a presidenciável petista Dilma Rousseff, outra estrela da noite: “Eu olho essa questão [do DEMensalão] com cautela…” “…A acredito que ela compromete o DEM.

Não tenho como fazer essa suposição [de que PSDB também pode sair prejudicado]”.

Destoando de Lula, a ministra-candidata considerou “estarrecedoras” as imagens que exibiram políticos brasilienses enfiando panetone$ nas meias e na cueca.

Ecoando Dirceu, Dilma disse que o mensalão do DEM é coisa diferente do mensalão do PT.

Por quê?

No processo que envolve os petistas, disse ela, não há “provas contundentes”.

Ora, a denúncia da Procuradoria foi recebida no Supremo em decisão acachapante.

O voto do relator Joaquim Barbosa obtve aprovação unânime.

Decerto Dilma lamenta que tenha faltado a Marcos Valério a câmera de vídeo que fez a festa do delator Durval Barbosa.

Curiosa a cena brasileira.

A corrupção generalizou-se de tal maneira que, logo logo, vai aparecer político reclamando de ser considerado incorruptível.

Na propinocracia brasileira, quase não há partidos com autoridade para desfraldar a bandeira da ética.

Acabar com a corrupção é, hoje, objetivo primordial de todas as legendas que ainda não tiveram a ventura de chegar ao poder.