Por Jorge Cavalcanti, de Política / JC Na próxima quarta-feira (9), o deputado estadual Sílvio Costa Filho (PTB) retorna à Assembleia Legislativa menor do que saiu, há exatos dois anos e dez dias, para comandar a Secretaria de Turismo de Pernambuco. À época, Silvinho, como é chamado, deixava a Casa de Joaquim Nabuco em condições privilegiadas.
Aos 25 anos, era vice-líder do governo e titular da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante.
Agora, volta sem saber precisamente o que o aguarda.
Desgastado pela exposição negativa que já dura 13 dias, consequência da denúncia da bancada de oposição – seus colegas de plenário – de contratos superfarturados da Empetur, que depois veio a se juntar à suspeita de shows fantasmas.
Então pré-candidato à Prefeitura do Recife, Silvinho foi nomeado pelo governador Eduardo Campos (PSB) em 2007 por dois motivos: abrir espaço para a união dos palanques em torno da candidatura de João da Costa (PT) em 2008 e preservar o espaço do deputado federal Armando Monteiro Neto (PTB) no primeiro escalão estadual.
A experiência no Executivo era a oportunidade para amadurecer um jovem cuja ascensão foi precoce.
Ele só chegou a exercer metade do mandato de vereador e passou só um ano na Assembleia.
A titularidade na pasta já tinha um objetivo mais à frente: uma postulação majoritária.
A única exposição negativa até então foi o caso que ficou conhecido como o escândalo das notas frias em que um grupo de vereadores e ex-vereadores do Recife eram suspeitos de fraudar notas fiscais para justificar gastos com a verba indenizatória.
No final do mês passado, o Tribunal de Contas encerrou o processo, em que Silvinho era apenas mais um em um grupo de 42 pessoas, sem aplicar multa a nenhum citado.
Agora, o deputado é o alvo das denúncias, ao lado do ex-presidente da Empresa de Turismo de Pernambuco José Ricardo Diniz.
No primeiro ano da atual legislatura, as duas missões de Silvinho eram ajudar o líder Isaltino Nascimento (PT) na aprovação dos projetos do Executivo e na defesa do governo Eduardo Campos (PSB), em meio à guerra de números travada com os antigos governistas.
Do lado do Palácio, o discurso da “herança maldita”.
Pela oposição, a garantia de um Estado estruturado.
Hoje, Silvinho e Isaltino não estão tão sintonizados quando antes.
Na última quinta, o deputado federal Sílvio Costa (PTB) acusou o petista de defender o filho “na maciota”.
Entre os demais colegas de bancada, o ex-secretário também não encontrou manifestação de apoio.
Antes, os parlamentares classificavam Silvinho como jovem de futuro, bem quisto na Casa.
Durante os dois anos na pasta, passou a ser visto como um político eminentemente metropolitano que agia para buscar bases também no interior, o que desagradou a alguns.
Como deputado sobrevive de votos, a imagem de quem invade redutos eleitorais é o suficiente para que alguém de bom trânsito entre os pares receba a pecha de desagregador.
Da oposição, responsável por desencadear o que hoje é a via crucis de Silvinho, a postura agora é de cautela.
Deputados acham desnecessário iniciar mais um bombardeiro, desta vez no plenário da Assembleia.
Acreditam que o ex-secretário voltará de forma discreta.
Mas, em reserva, admitem que terão que partir para mais um confronto, caso o deputado prepare um discurso de defesa na tribuna.
Com a volta do ex-secretário, Nadegi Queiroz (PHS) retorna para a suplência.
Silvinho deve ocupar o espaço que até então era dela: titular da Comissão de Saúde e suplente da CCJ.